A HORA DO LOBO - INGMAR BERGMAN

Chamado de "o filme de vampiros" de Bergman, esta produção de 1968 tem a fama de ser bastante assustadora. O enredo fala de um casal que vai morar numa ilha deserta. Ele é um artista plástico e ela está grávida. Sofrendo de insônia, ele começa a ver seres do mal e ela o acompanha em suas visões. Essa fauna de pessoas monstruosas convidam os dois para o castelo e o mal acaba por tomar tudo. --------------- A hora do lobo são as três da manhã, a pior hora para os insones, hora onde muita gente morre e muita gente nasce. Bergman jamais falou qual o sentido do filme. Aparentemente o artista enlouquece perseguido por vampiros de alma. Algumas cenas se fixam na nossa mente, sendo a final, a do Homem Corvo que bica seu corpo e parece beber seu sangue, a mais forte. Mas talvez haja outra possível visão sobre este filme. ----------------- A esposa é a chave. Ela diz, por duas vezes, que o amor, que quando vivemos com uma pessoa, passamos a ser como ela é. Que nosso rosto, nossos hábitos, e até nossos sentimentos passam a ser iguais. Ela entra no mundo do artista e passa a ver o que ele vê. Compartilha de sua loucura. E por isso posso dizer que é um filme sobre o amor. Os vampiros são as pessoas que sabotam e tentam destruir o amor do casal. Fadado a ser destruído, o amor é encurralado, aviltado e por fim morto pelo bando de seres secos, mortos, estridentes, rancorosos que vivem na ilha. O filme é então uma assustadora visão sobre as tentações que matam o amor. ------------------ Nisso, talvez a mais central das cenas, seja aquela em que o artista vê a ex amante morta, e ao tocar seu corpo nu faz com que ela volte a existir. Nesse momento o amor do casal está já destruído. --------------- Max Von Sydow está frágil como nunca. Sua atuação beira o fantástico. Liv Ullman é a esposa e não à toa ela estava grávida de Bergman durante as filmagens. Seu rosto é a única coisa sã durante todo o filme. Ingrid Thulin é a ex amante morta, sempre sensual com uma bela cena de nudez. ------------ Senti durante o filme algo de Fellini nos closes faciais e de Hitchcock na maneira como o pássaro ameaça a vida das pessoas na ilha. É um dos mais tristes filmes de Bergman.