RIMSKY-KORSAKOV

Ouvi hoje, último dia de 2021, 4 obras de Rimsky-Korsakov. Para quem não sabe, eu adoro esse russo do fim do século XIX. Se Mussorgsky é considerado o mais genial e Tchaikovski é o mais famoso, Korsakov é aquele que deu à Russia seu primeiro compositor perfeito. --------------- Sheherazade. Ouça a abertura. O modo como os violinos entoam a melodia magnífica, sensual, e o pizzicato que ecoa essa melodia. Depois, no segundo movimento, o lamento de amor no deserto. Podemos sentir as dunas e o calor no diálogo de violino e oboe. O movimento final é um festival de melodias e sons em ebulição. É belo, mas é efervescente. Viril e vivo. ----------- Quanto a execução: uma das melhores da história da Filarmônica de Berlin. Karajan. Gravação límpida. Cristalina. ---------------- Depois ouvi o Capricho Espanhol. Mesma orquestra, agora sob a regência de Lorin Maazel. Música festiva, alegre, pura. Korsakov conseguiu pegar certo sabor ibérico e o unir à alma russa. É Cadiz com tempo de Moscou. Impressiona o gênio do russo para a orquestração. Ele usa todos os recursos que tem a mão sem parecer puro exibicionismo. ------------- Depois do inevitável Voo do Zangão, uma das coisas mais pop do repertório erudito, ouço Festival da Páscoa Russa, uma miríade de climas e de cores criadas por som. A música tem algo de mágico pelo fato de ser uma linguagem universal, atemporal e imaterial. Se Deus tem uma voz, ela é puramente música, sem a palavra.