KONSTANTINOS KAVÁFIS, POEMAS

Me desculpe José Paulo Paes, mas ao contrário do que voce diz, não há dois poetas mais diferentes que o grego e Pessoa. Voce, Paes, diz que ambos se parecem por serem os dois homossexuais, virem de países marítimos e usarem línguas pouco conhecidas, o grego e o português. Mas e daí? Leia o que escreveram e veja a diferença crucial: Kaváfis é sensual, saudável, hedonista, feliz. Tendo vivido na virada do século XIX para o XX, o grego publicou quase nada e morreu desconhecido ( sim, como Pessoa, quantos mais não o foram ), mas sem ressentimentos, Kaváfis celebra os encontros em camas de hoteis, a alegria dos membros bonitos, a juventude do desejo sem limites, a liberação do amor. Não há medo aqui. Não há tristeza. Vive nele a coragem. ----------- E por outro lado, ele celebra o passado grego, os herois, pouco se importando com o hoje e o agora. O que lhe seduz é o para sempre. Nascido na Alexandria sensual e sem vergonha, aquela descrita por Lawrence Durrell, Kávafis é delicioso e prazeroso. Mediterrâneo. Azeite e vinho no pão do sol.