AIDA - GIUSEPPE VERDI

Aida foi encomendada ao compositor mais famoso do mundo para comemorar a abertura do canal de Suez, 1873. Sucesso absoluto. ------------- Fali o mais famoso? E onde entra seu rival, Richard Wagner? Na verdade os dois eram o "Beatles X Stones" de então. Não se odiavam, até se admiravam, mas a imprensa alimentava uma disputa que apaixonava os fãs de ambos os dois. Wagner era barulhento, filosófico e dava muito valor à orquestra; já Verdi seria muito mais vocal, objetivo, latino, dando mais valor à emoção das cenas. Para Wagner, toda a ópera era uma coisa orgânica, como se fosse uma única melodia sem fim. Verdi pensava numa coleção de arias, que eram costuradas uma na outra, formando um todo. Entendido isto, ouço finalmente uma obra completa do italiano. Três horas de brilho. A música brilha, Verdi era um gênio. ------- No CD que ouço temos uma gravação de 1973, com direção de Ricardo Muti e a orquestra de Viena. Mas em Verdi a orquestra nem é tão crucial, os cantores são todo o centro. Gwyneth Jones, pra quem não sabe, foi uma das maiores e ao lado dela temos o jovem Placido Domingo. Causa furor sua entrada. Nesta gravação, ao vivo, ele é aplaudido em cena ao fim de sua primeira aria. Longos e quentes aplausos. A obra é de uma riqueza absurda e separei para voces ouvirem um momento de requinte e estupor. É lindo. Ouça. ------------ A ópera, essa arte morta, tão artificial, tão tola em tantas vezes, não é mais exagerada ou absurda que um filme do Homem Aranha ou um drama de Almodovar. Ela pega da vida real o que há de mais patético ou de mais sublime e ergue isso às alturas do paradoxo. Exige que aceitemos aquilo como um tipo de "real". Passamos a amar o artista por seu esforço em dar vida á algo tão falso. Verdi ia adiante. Ele tocava uma corda em nosso íntimo. A grande arte POP faz isso. E creia, nada foi mais POP que a ópera. ---------------- Aproveite.