O EROTISMO - FRANCESCO ALBERONI

Leia a postagem abaixo antes de ler esta. ---------------- Seduzir para o homem não significa produzir na mulher uma sensação indelével. Significa ir para a cama. Isso não quer dizer que homens não apreciem o amor, a história do casal, a emoção que inebria. Isso significa sim que para o homem o amor passa, sempre, pelo sexo. Homens têm uma clareza sobre o que seja amizade e o que seja amor, que as mulheres muitas vezes não têm. A fantasia erótica masculina reside na cama. A fantasia feminina reside no mundo inteiro. -------------- O autor italiano fala de Foucault. Diz que o francês, como quase sempre, errou feio ao dizer que " no mundo gay masculino, a promiscuidade existe porque o namoro entre homens foi reprimido por muito tempo". Ora, diz Alberoni, mulheres lésbicas não são promíscuas com a mesma frequência que se observa no mundo gay. Porque? O motivo seria a condição do homem. Homens, heteros, sonham com mulheres que dizem sempre sim. Há no homem uma fantasia de que o sexo, o desejo, pode e deveria ser automático. Quem diz não é a mulher. O homem está quase sempre querendo desnudar, ver, conhecer, transar com a mulher. No mundo gay, onde dois homens se encontram, não há o componente feminino que diz quase sempre não. O homem se libera. O sexo se faz sem amarras. ------------- Claro que há casais gays recatados. Mas mesmo esses, em muitos casos, viveram uma inciação orgiástica. No sexo lésbico nada disso existe. Inclusive é enorme o número de lésbicas que vivem juntas toda uma vida com carinho, cuidado e proteção, mas não com aquilo que um homem chama de sexo. ------------- Será tudo isso fato? Tendo a concordar por aquilo que conheço entre meus amigos gays. Mas acho Alberoni mais incisivo quando foge do mundo do erótico e invade o mundo da sociedade como um todo. Por exemplo, quando ele diz que a diferença básica entre a sociedade americana e européia é que na América, é preciso e até se exige, que todos tenham um objetivo, um fim a ser alcançado. Na Europa esse objetivo é vago. Se valoriza mais o caminho que a chegada. Isso se reflete no erotismo. Entre americanos há pouco erotismo visível. Isso porque o sexo se torna uma meta, um goal, uma vitória a ser obtida. Na Europa se dá mais valor ao ritual, a conquista, o flerte. Não há clareza no que se quer, há apenas um querer que pode ser transitório. Na América compromissos são sempre firmados, mesmo que depois sejam oficialmente rompidos. Na Europa o compromisso pode mudar a qualquer momento. Há entre americanos o horror a mentira, e por isso o adultério é ainda muito mal aceito. Não se mente sob um contrato firmado. Esse modo objetivo e prático faz com que nos EUA exista algo que não há na Europa: o bairro gay, o bar de solteiros, o bairro de famílias. Se voce tem por ALVO o mundo gay, more onde tudo fica a mão. Se voce quer sexo casual, vá a um single bar. ---------------------------- Uma alfinetada do autor em FREUD ( pobre Freud, todo mundo anda o alfinetando )... sexo não é a base da vida. Sexo é apenas um meio que os humanos usam para obter o que mais desejam: TRANSCENDÊNCIA. Animais são dominados pelo impulso sexual. Humanos não, podem o controlar. Usam o erotismo, o amor e o sexo para tentar obter uma experiência significativa. Transcender a vida banal. No amor vive a promessa de se viver uma vida maior. --------------- Belíssimas páginas sobre a paixão amorosa. O modo como no começo do amor, e só no começo, nos tornamos maiores, mais vivos, mais inteligentes e atraímos todos porque somos profundamente interessantes. Nossa voz ganha brilho, nossa pele fica mais macia, nosso olhar seduz. Em estado de excitação, prometemos excitação para os outros e optamos por nos conter. Pelo amor somos fieis. ---------------- Um livro bom.