EROS + MASSACRE - YOSHISHIGE YOSHIDA

Na primeira cena, em preto e branco acetinado, vemos uma menina de bruços, nua, com um homem beijando seu corpo inteiro. Depois um outro garoto, franja e cara de suicida entediado, vê a cena dos dois amantes juntos. Em seguida ficamos sabendo que o filme é sobre um casal anarquista que foi morto em 1918. Então há uma filmagem. Depois cenas em 1918. Mais cenas de nu.... É a nouvelle vague japonesa. E saiba, nenhum cinema nos anos 60 foi mais radical que o japonês. Sexo, anarquia, violência, niilismo, todos esses ingredientes abundaram nesses filmes feitos entre 1965-1975. Yoshida nem é um dos diretores mais famosos, mas este filme, de 1969, embora dure mais de 3 horas, deve ser visto como aquilo que ele é: uma lembrança de um tempo que passou. ---------------------- A fotografia é cheia de "bossas". Cada fotograma poderia ser capa de alguma revista moderna de moda. Há em todo o filme um desejo, infantil?, de ser moderno. É o sopro romântico que varreu os anos 60. A intenção e a mensagem acima da forma. O novo como proposta de vida. Mudar tudo. Fazer de outro modo. Tentar tentando. Aprender fazendo. -------------- O filme é velho? Não. Ele é de outro mundo. Não é novo nem velho. Não é atual e não parece antiquado. É de seu tempo. Está lá, como um monumento de época. --------------- O que mais salta à nossa mente é isto: filme niilista, amargo, suicida, mas jamais deprimente. Flagrante diferença dos filmes de arte de hoje: até quando alegres eles parecem impotentes. ----------------- De certo modo ficamos presos nesse filme.