JAZZ NO CINEMA

Andei revendo alguns filmes sobre jazz. Minha conclusão? Jazz e cinema, por incrível que pareça, não combinam. -------------- Voce sabe, tanto Bird de Clint Eastwood, como Round Midnight, de Tavernier, são muito insatisfatórios. Até mesmo chatos. Já as bios de Chet Baker e de Miles são apenas isso: mais bios dos anos 2000. Filmes pequenos, mega saudosistas, cheios de tiques cool e que passam longe do segredo da alma do jazz. Chet no filme é nada mais que um junkie beeeem triste e Miles um viciadinho nervoso. Jazz? Onde? -------------- Paris Blues, dirigido pelo bonzinho e muito PC Martin Ritt é uma das coisas mais bobas e idiotas já feitas sobre qualquer tema musical. Paul Newman está péssimo como nunca fazendo um trompetista e tudo no filme exala fake ao cubo. Imagina um cara rico tentando parecer um pobre francês. É o estilo que o filme passa. Logo na primeira cena a gente sente a ruindade: todos os clichès sobre a França e o jazz jogados em 3 minutos de ação. Martin Ritt sempre foi um diretor bonzinho demais, democrata demais, compreensivo demais, e aqui ele atinge seu auge. Newman, ator que adoro, como jazzman parece um modelo barato de anúncio de Pernot. Lixo insuportável! ------------ Revi também O HOMEM COM O BRAÇO DE OURO. Quem dirige é o muito famoso e poderoso Otto Preminger. Otto só fazia filmes bons quando tinha um roteiro impossível de ser estragado. Isso porque Preminger desconhece o que seja leveza e ritmo. Este filme parece ser sobre jazz, ou sobre drogas, mas na verdade é sobre um casamento ruim. Uma pena...Sinatra está excelente e foram filmes como este que o fizeram perder o tesão por atuar. ---------------------- YOUNG MAN WITH A HORN é bem divertido. Kirk Douglas é um desajustado que se redime apenas quando toca seu pistão. Mas há um problema grave aqui: quando Lauren Bacall entra no filme. O personagem é tão falso, artificial, fala de um modo tão canastrão que é impossível crer naquela paixão de araque. Mesmo assim, como filme sem compromisso é okay. Mas esqueça o jazz. Michael Curtiz de Casablanca e Robin Hood dirigiu ao seu modo habitual: bem. E sem paixão. ---------------------- Jazz no cinema voce encontra quando o filme não é sobre jazz mas usa jazz em algumas cenas. Então nessas poucas cenas voce sente a presença da coisa real. Tipo o filme sobre boxe, outra vez Paul Newman, onde ele é Rocky Graziano. O filme nada fala sobre música ou drogas, mas em todas as cenas no ringue a gente sente o ritmo e o estilo da música dos anos 50. Talvez porque quem dirigiu foi Robert Wise, e Wise entendia de ritmo, de edição e de swingue. É um grande, grande filme. ------------------- Aliás filmes sobre boxe costumam ser jazzy. Assim como o filme sobre a midia que vi recentemente, aquele com Tony Curtis e Lancaster, totalmente noturno, nova iorquino, hiper jazz. Há jazz também, do bom, em algumas cenas de alguns musicais. Inclusive em All That Jazz e na cena com Cyd Charisse em CANTANDO NA CHUVA, uma cena que ensina muita gente sobre o que é jazz. Portanto, se voce quer ver jazz na tela, fuja de filmes que prometem ser sobre jazz e vá naqueles que foram escritos sob efeito do jazz. Thats all.