SERGEI PROKOFIEV- ALEXANDER NEVSKI E TENENTE KIJÉ....TRILHAS DE FILMES
Vi o filme de Eisenstein em 1998, na TV. É assustador. A fotografia é tão magnífica, os cenários e figurinos tão ricos, o preto e branco tão hierático que temos a sensação de que aquilo não é um filme de ficção. Parece ser um documentário de um tempo que nunca houve. Dreyer também tinha esse poder. Produzir imagens que parecem pesadelos. Como se nosso inconsciente ficasse nú. Daí o incômodo. Well....Prokofiev, já famoso e vivendo em New York, caiu na ladainha de Stalin e resolveu voltar a URSS. Na verdade ele sentia a famosa nostalgia que dizem ser parte da alma russa. De volta à sua terra, ele logo percebeu o inferno em que se metera. O mesmo inferno onde Eisenstein vivia. A arte, a única permitida, deveria ser educativa, ter uma função social. Pelo resto da vida, Prokofiev tentaria ter alguma liberdade dentro da teia soviética. Alexander Nevski, filme imenso de 1942, teve sua trilha sonora feita pelo compositor. A música se tornou um sucesso, que ironia, nos USA. O filme conta a luta do povo russo de 1240. Luta para se livrar dos mongois e depois vencer o invasor alemão. O filme coincidiu com a invasão nazista. ------------- Ouço hoje a obra e, apesar de adorar Prokofiev, acho-o o maior compositor de seu tempo, não me satisfaço com a trilha de Nevski. Talvez seja a limitação à função cinematográfica. Não sei. Por incrível que pareça eu não gostei dos coros, me pareceram opacos. A voz solo, mezzo-soprano, eu apreciei sim. É no sexto movimento, " Campo dos Mortos". -------------- Poucos anos antes Prokofiev fizera outra trilha, O TENENTE KIJÉ, essa bem melhor. Conta a história ficcional de um comum tenente de provincia, do nascimento à morte. O quarto movimento, Troica, é muito popular e muito belo. A obra inteira é cômica, leve e colorida. É Prokofiev sendo Prokofiev. Adorei. Ouvi em gravação de 1978, Orquestras de Londres ( Alexander ) e Chicago ( Kijé ). Claudio Abbado, um dos grandes, regeu.