PHILIPPE ENTREMONT TOCA DEBUSSY
Existe um tipo de arte, que nos subjuga, que consegue expressar aquilo que queremos dizer e não conseguimos. Não é o caso aqui. Pois há outra forma de arte, rara, que faz com que sintamos algo do tipo: Eis minha alma aqui! ----------- É este o caso.
Eu sou o tipo de pessoa que por curiosidade, e sem ela voce não é nada, já ouviu, assistiu e leu muita coisa. Várias me emocionaram e algumas despertaram minha paixão. Mas poucas, muito poucas, fazem com que eu sinta: Aqui sou eu quem fala! O que esta obra diz é aquilo que eu sou. --------------------- Não há aqui julgamento de valor. Obras que despertam minha paixão, por exemplo, Mozart, têm normalmente um valor em si maior que aquela obra que fala o que eu sou, por exemplo, Debussy. Debussy foi um gênio, mas Mozart foi um deus. Eu, infelizmente não me sinto Mozart, mas eu me sinto Debussy quando o ouço. Se eu tivesse talento, era exatamente aquilo que eu faria. E sentir isso é bem raro. -------------- Philippe Entremont foi um dos cinco maiores pianistas franceses do século. Neste disco de 1963, CBS, ele executa várias obras de Claude Debussy. Criatividade sem fim e técnica exata. Debussy procura ser original todo o tempo. Sua música, apesar de uma clara influência de Chopin, não procura a emoção, ela busca a coisa nova. Dizem que Claude era um homem calmo e de hábitos, mas sua música é nova, sempre nova. E por isso ouço o piano dançar, pular, se desmanchar, crescer, suspirar e até mesmo pensar. Nada se desenvolve como o esperado, nada parece com alguma coisa anterior. Não há palavras para dizer o que esta música é. Ouça.