CHESTERTON NO MINISTÉRIO DA CULTURA
Um jornal noticia que o ministro da cultura segue o escritor católico inglês Chesterton. Claro que não leio o tal artiguete por absoluta falta de interesse. Um jornalistinha de um tabloide carioca jamais poderá escrever nada que valha algo sobre Chesterton. Ele não foi formatado para essa missão. ------------ Falo isso porque eu já fui como esse jornalistinha. Ouvir o nome de Chesterton me causava risos e saber que ele era católico, e pior, não escondia isso!, me deixava bravinho. Eu tinha a certeza de que NENHUMA PESSOA QUE ACREDITAVA EM DEUS PODERIA SER CONSIDERADA MINIMAMENTE INTELIGENTE. E ponto final. ---------------- Então descobri Chesterton. Como? O lendo. Apenas isso. E então minha vida mudou. Tudo que sou hoje, que me tornei após os 50 anos de idade, devo a Chesterton. Ele desconstruiu tudo aquilo que haviam colocado sobre mim. Fez com que eu lembrasse quem eu era. Ler Chesterton foi como ler um velho tio que havia ido viajar e voltara após 40 anos de ausência. Ele fez com que eu perdesse A VERGONHA DE SER EU MESMO. Pouca coisa? ------------- Ele foi o primeiro a me dar a consciência de que aquilo que eu pensava ser a verdade, nada mais era que a versão de um lado das coisas. Chesterton me exibiu o outro lado. A escolha quem fez fui eu. E ainda a faço, todo dia. -------------- Um ministério da cultura baseado em Chesterton faz exatamente o que eles têm feito ( e que a midia de esquerda faz questão de ignorar ), ou seja, valorizar o pequeno, o discreto e o esquecido, e ignorar o sensacional, o central e o muito conhecido. Nesse ministério a chance de voce ver um filme produzido por um playboy da zona sul é menos que zero. Esqueça o show do cantor veterano e rico. Nada de peças de ator de TV. Chesterton sabia que esses não precisam de atenção, já têm. ------------------- Chesterton focava nas famílias. Para ele o que dava caráter à um povo não era o grande artista ou o grande filósofo. Nem mesmo o heroi de guerra. Era a família. Explico. A Inglaterra não é Shakespeare. Não é Locke. Não é Nelson. Esses são seres extraordinários, universais. A Inglaterra é, e deve sua grandeza, a família comun do interior do Yorkshire, do subúrbio de Leeds, de Leicester e de Hampstead. O caráter e a força moral de uma nação vive dentro da casa de uma família comum. Conhecer o que é a Inglaterra não é ler Dickens ou ver um filme de Ken Loach. Isso é excessão, mesmo sendo arte que procura ser realista, ela é uma visão particular com um objetivo em mente. Conhecer uma família é escutar essa família, ver sua vida, AMAR O QUE ELA É E NÃO O QUE VOCE QUERIA OU PENSA QUE ELA SEJA. Pareceria piegas dizer que de anos para cá eu amo cada vez mais a família comum do Brasil. Mas é o que sinto e sobre esse sentimento nada posso fazer. Ele acontece. --------------- Quando alguém deseja destruir uma nação seu alvo, se o inimigo for esperto, é a família. Hitler ao bombardear Londres ficava furioso ao ver que as famílias se uniam e lutavam juntas, sem perder a calma. O que ele esperava era o Kaos sob as bombas, famílias desesperadas brigando entre si. ------------- Todo movimento interno de destruição de uma sociedade tem por alvo a família. A instituição familiar é bombardeada dia e noite, chamada de "fábrica de mentiras", ou "ninho de neuroses", quando na verdade ela é a única defesa contra a mentira e a neurose. Suspeite sempre de quem odeia a família. Essa pessoa odeia todos voces. ----------------------- Portanto tal ministério focará na família. Será um departamento voltado à preservação e ao auxílio a cultura familiar. A música que uma família comum ouve. As peças que uma comunidade quer. O reparo das igrejas esquecidas. O retorno das bandinhas da cidade. A cultura da pequena comunidade, familiar, e não a da grande cidade, sensacional. ------------- Ninguém é obrigado a gostar da música que 80% das famílias escuta. Ou dos filmes que elas amam. A questão não é essa. O que se discute aqui é o RESPEITO A ESSAS CULTURAS. O ministério, ao modo Chesterton, não atenta ao que o próprio ministério deseja, mas antes, atende ao que as famílias querem. Atenção aqui! Não se trata da família ficcional, a família simples de araque que foi inventada pela elite revolucionária do Leblon. Para esses fantasistas, famílias simples são apenas as da favela que têm filho na prisão e filha prostituta ( se eles soubessem como esse estereótipo irrita o povo.... ). Ou pior, para o Leblon, família brasileira sempre tem sotaque baiano e vive no Pelourinho. ----------------- A tal família comum é aquela que vive ao seu lado. Um pai que se mata de trabalhar. Uma mãe que além do trabalho, faz cursos e cuida dos filhos. A família que crê em Deus ( são a hiper maioria, sinto muito bb ), ouve sertanejo-pagode e funk, ama futebol e churrasco, fala palavrão e sonha em ter uma casa melhor. Família que defende a mãe com a vida. Que se benze. E que deseja uma cultura que a eleve e a divirta, que a enalteça e a aqueça. Esse é o país-Brasil. Segundo Chesterton, esse é o retrato e o tesouro de uma nação. Deve ser preservada, e não revolucionada. ------------------ Para encerrar: no dia da posse do atual presidente, sobre a mesa e na estante do escritório, havia a biografia de Churchill e um livro de Chesterton. A mensagem estava dada. Mas parece que os cabecinhas só atentaram para o Pai Nosso.