CORAÇÃO DE CAÇADOR WHITE HUNTER BLACK HEART
Revi ontem. Tem uma coisa que não notei antes: Clint dá um show de atuação. Conhecendo John Huston como conheço, Clint Eastwood pega alguns trejeitos do velho diretor americano e une ao seu modo menos expansivo de ser. O que temos não é uma imitação. É uma reinterpretação de um grande diretor. Hoje confunde-se atuar com imitar. Imitação é macaquear, conseguir copiar maneirismos. Atuar é compreender a personagem e interpretar o que ela é ATRAVÉS DE SUA INTELIGENCIA. Se John Huston tivesse o corpo de Clint, a voz de Clint e estivesse em um filme de 1990, como ele seria? Na cena em que o mico bagunça um jantar formal, vemos por um momento John Huston em corpo e alma. ============== Parte da inteligência de Clint se deve ao fato de que ele não fez um filme ao modo John Huston. Há filmes de Clint que revelam alguma influência de Huston. Penso principalmente em Bronco Billy, um dos filmes mais tristes que já vi, filme que lembra Fat City, o filme mais melancólico de Huston. Mas aqui, em White Hunter, Clint vai no ritmo de Howard Hawks. O que o interessa é a relação de amizade entre o diretor e seu amigo escritor, o kid. Tanto trilha sonora como fotografia lembram, mais que lembram, Hatari!, filme icônico de Hawks. ====================== Clint será cada vez mais mito. Em mundo cada vez mais povoado por homens feitos de soja, Clint Eastwood será cada vez mais uma das últimas lembranças de virilidade calma, de hombridade elegante e de retidão moral. -------------------- Foi este filme que obrigou a crítica a começar a rever seus conceitos sobre o cara. É um grande filme.