REQUIEM - MOZART

Não fui eu quem disse primeiro: Mozart não possui religiosidade, e por isso, seu Requiem carece do sentimento trágico. Bem...não sei se Mozart não levava a religião a sério, muita gente em seu meio não levava, mas a falta do sentido trágico nesta obra não se explica por esse motivo simplório. Mozart amava a carne. Essa é uma explicação muito mais provável. ---------------------- Sempre que o ouço, seja em concertos para piano, seja em sinfonias, ele me faz crer em Deus. Mozart não precisa ser trágico para ser religioso. Essa cobrança vem de quem não entende de religião. Sua música, em vários momentos, é uma epifania. ------------------- O Requiem, que acabo de ouvir, Herbert Von Karajan e a Sinfônica de Berlin, José Van Dam fazendo milagres com sua voz, é grave, é séria, é solene, mas realmente não é trágica. Mozart é feliz e ele jamais poderia negar isso. Esta obra é o tempo todo belíssima, muitas vezes sublime, mas nunca nos faz pensar na morte como tragédia insuperável. Pensando no Requiem Mozart cria beleza. O Deus dele é o Deus que criou a música, e música é para Mozart uma felicidade. Sim, o coro e a orquestra são gravíssimos, sim, a melodia é solene como uma missa antiga, mas não nos comovem de uma forma trágica como Bach faz. Admiramos e amamos a música genial, mas não pensamos em Deus. Pensamos em Mozart. ------------------------- Porém...que coisa maravilhosa essa música! O modo como ele une vozes e instrumentos, a maneira como ele nos surpreende a cada movimento, a cadência que nos segura, o todo como uma construção perfeita. --------------------- Perfeição.