AS ASAS DA POMBA - HENRY JAMES

Um dos últimos livros de James, Wings of Dove fala de interesse financeiro. Na Londres de 1900, Kate Croy ama Denshem, um jornalista pobre. Milly é uma americana jovem muito rica, com doença fatal. Kate e Denshem pensam em se aproveitar dela. Ao mesmo tempo, temos a tia rica de Kate e um lord inglês por quem Kate deveria se interessar. Well....disse em outro post que existem dois tipos de autores: aqueles que imaginam enredos engenhosos e aqueles que transformam enredos banais em obra de arte. Os enredos de um gênio como Henry James nunca são banais, mas é no estilo de escrita que o foco deve ser dirigido. Asas da Pomba é um de seus livros mais dificeis e mais problemáticos. James tenta, e não consegue, ele falha aqui, mas que bela falha; dissecar todos os motivos, medos, exitações, desejos, que levam uma pessoa a fazer aquilo que ela faz. Para tanto, cada ato e cada linha de diálogo tem tudo que a rodeia esposto. Nunca jamais o cenário, mas as pequenas e breves intuições, as sutis elocubrações, os objetivos quase imperceptíveis para a própria pessoa que os sofre. Nada é jamais simples em James. O cenário não importa, ele é a alma dos personagens, a ação demora capítulos para ocorrer, mas, mesmo assim, nós o seguimos. Isso porque sua escrita é uma das mais musicais da literatura. Volteios, arpejos, acordes e timbres; em James a escrita canta e harmoniza. Voce se perde às vezes em tantos pensamentos, mas se deixa levar pela hipnoze da melodia, e assim, prossegue. Orquestral, o autor rege cinco pontos de vista. Em cada parte do livro, 600 páginas imensas, é uma alma que toma a palavra, que sola. Kate nos faz adentrar sua mente, depois é Milly, Denshem, a Tia, Susie...todos têm seu instrumento, todos podem solar. Disse a um amigo, a frase não é minha, que toda arte almeja ser música. Henry James prova essa tese.