LÍNGUA É INTELIGÊNCIA
Leio um dado que é para mim bastante relevante: esta é a primeira nova geração que não demonstra, em testes de QI, ser mais inteligente que a geração anterior. Desde a Segunda Guerra é a primeira vez que isso acontece. O motivo apontado é o empobrecimento da linguagem. --------------------------------------------------------- Não irei me alongar porque sei que voce não gosta de textos longos. ---------------------------------------------------------------------------------- E sei que os filmes que voce ama não se alongam em cenas de diálogos. São feitos de ação contínua, ou pior, têm muitas cenas de silêncio e longas sequências apenas com música. -------------------------------------- Voce não lê romances. ---------------- E assim, seu vocabulário é mínimo. Para dizer que um filme te agradou, o máximo que voce consegue dizer é: Do caralho! Ou então que ele é Fantástico! Mais que isso te é improvável. ------------------ Quando apaixonado voce expressa apenas um : Tou gostando ou Tou amando. E nada mais sai de dentro de voce. --------------------- Mas tudo isso poderia ser apenas timidez. O problema real, profundo, difícil, é que em seus pensamentos também não há muita riqueza. Voce sente a complexidade do amor, mas nem pensando voce consegue o expressar. ---------------------------- Há pessoas que gostam de dizer que apenas gente que leu muito tem problemas existenciais. Não meu caro, apenas pessoas que leram muito conseguem os expressar. Todo humano tem problemas de existência, mas os mal alfabetizados morrem sem poder verbalizar o que sentem. Então, sem escape, batem na mulher, bebem, se matam ou matam alguém. Sofrem sem ter como falar o que sentem. Carregam feridas que não sabem curar. Porque nem mesmo dizem como a ferida é. --------------------- O artigo que li vai mais fundo. O fim dos tempos verbais complexos, hoje só se conjuga o presente, passado e futuro são falados como presente ( estou pensando em....ou estou lembrando ), faz com que o pensamento esteja cada vez mais preso ao aqui e agora eterno. Não há a sutileza do tempo que flui, nem o distanciamento da coisa passada. --------------------------- Não é à toa que se tenta a destruição dos gêneros. A língua emburrecedora tende a homogeneizar tudo. O complexo, os meandros dos sentidos se anulam. A língua, como o pensamento, se faz preto no branco. Não há cinza. Nem cor alguma. --------------------- Sem língua complexa, sem vários sentidos possíveis para cada palavra, o pensamento se cala. A língua se torna uma questão secundária. O que se diz é o que se vê: Bela casa. Vai chover. Tou com fome. ------------------------------ A troca de informações se torna fofoca. A história do mundo uma questão de slogans. A arte um instrumento da moral do grupo. E seus sentimentos se tornam quase nada. Estou bem. Estou mal. Mais nada de possível. ------------------------------------------ Um grupo assim não questiona nada. Seguem ordens do grupo. E por não questionar, sequer percebem fazer parte do rebanho. Para eles, Woody Allen é mal e fim de papo. Ou Bergman é um chato e acabou. Não há graduação, não há outro lado, não há investigação. --------------------- Aldous Huxley e George Orwell trocaram cartas sobre o tema. Por volta de 1946. Diziam que o mundo do futuro seria dominado por remédios e medo. E que nesse mundo, a língua seria cada vez mais empobrecida. Só o óbvio seria falado. A língua seria vista como empecilho a ser eliminado e não como instrumento de liberdade. ---------------------------------------- Se voce leu até aqui fizeste nada demais. Vá ler algum clássico e aprenda a pensar melhor. ------------------------------ Eu não aprendi a pensar com Descartes ou Montaigne ( embora eles sejam ótimos ). Aprendi a pensar lendo Jane Austen, Henry James, Proust. Eles expandem sua língua e abrem seua mente. Farenheit 451 de Ray Bradbury não fala do fim dos livros apenas. ELE FALA DO FIM DO PENSAMENTO. ------- Atente.