CHINA, DINHEIRO E ACASO ( E O PORQUÊ DE ATÉ A DIREITA SE DEIXAR LEVAR PELO PENSAMENTO MARXISTA )
Não sou marxista. No marxismo o acaso não existe. Todo o passado é explicado por forças que se atritam. Todo o futuro é adivinhado como continuação inexorável do passado. O presente é mecânico. Marxismo é positivismo em economia. Isso não me convence. Eu tenho a certeza que história é improviso. O futuro nunca é como o antevimos. O passado são centenas de versões, todas possíveis, todas erradas. Para marxistas típicos, NUNCA é admitida a possibilidade do não se saber algo. Um marxista jamais fala EU NÃO SEI. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A crise atual é incompreensível em seu todo. Não me fale que voce previu que um vírus gripal pararia o mundo. Várias narrativas se fazem ouvir. Vou falar sobre duas. O estranho é que mesmo a direita crê na versão 1, bastante marxista, pois ela explica tudo crendo num mecanismo que engloba o planeta. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- VERSÃO 1 : A China lança um vírus. Em acordo com toda a esquerda mundial, chineses desenvolvem um vírus e o lançam na Europa. Governos esquerdistas ajudam. A imprensa ajuda. Companhias como Apple e Micrisoft ajudam. É o grande plano mundial: um tipo de socialismo em estilo de vida misturado à um hiper capitalismo para os líderes. Comunismo nas ruas. Capitalismo em grandes empresas e no consumo. Uma China mundial. Pandemia na China jamais houve, por isso ela cresce. As eleições americanas, roubadas, são o golpe de mestre no plano. Acho essa versão tão implausível quanto crer nas teorias da morte de Kennedy ou que há um ET preso no Colorado. ---------------------------------------------------------------------------------------- VERSÃO 2 : O vírus surge na China. Um erro. Ele se espalha e o governo chinês tenta esconder isso. Trabalhadores chineses o levam para a Europa. A pandemia mata aos milhares na China, mas ao estilo comum por lá, tudo é abafado. Mortes na China são escondidas. O governo, naquele modo chinês de ser, pouco liga. Que morram. Temos um bilhão de chineses. O trabalho que continue. Por isso a China ignora a pandemia. O governo deixa morrer. Uma cadeia de eventos começa a se unir ( como foi o começo da Primeira Guerra Mundial: atos que se unem a atos, se acumulam, e criam o imprevisível ). A mídia, sempre sedenta por sangue e tragédia, vê alí uma história para fazer furor: a peste está de volta. Num segundo momento ela percebe que pode culpar quem quiser pelo MAL. Essa narrativa será usada ao infinito. Indústrias químicas vêm a chance de faturar alto. Correm para desacreditar os medicamentos já existem, à disposção, e pegam verba para desenvolver a cura. A internet, que sempre sonhou com um mundo 100% virtual, vê na pandemia a chance de correr rumo ao futuro. Todos os serviços podem ser virtuais. As pessoas, se trancadas em casa, ficarão 24 hs on line. Comida, diversão, dinheiro, sexo, tudo na rede. Políticos medíocres percebem a chance de faturar com o medo. Receita simples: chame o vírus de super-vilão como nunca se viu, e pose de heroi que trará a cura. Mais? Ladrões em geral podem roubar em nome da cura. MAS HÁ AINDA O MUNDO PEQUENO, DO DIA A DIA: ressentidos podem vigiar os que ousam desafiar as ordens, covardes têm uma justificativa nobre para sua cotidiana covardia, os mal amados podem se consolar com a impossibilidade geral de amor, os tristes têm a satisfação muda de ver o mundo cinza, revolucionários de araque podem pensar que o universo é uma tela. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Na versão 2, nada é planejado. As coisas vão acontecendo, e cada um tenta tirar vantagem da situação. Esse é o modo NÃO MARXISTA de ver a história. Nada é planejado porque não há acordo possível entre tanta gente. É cada um por si. A traição come solta. O roubo vira lei. É minha visão de tudo que ocorre, tudo que ocorreu e tudo que sempre irá ocorrer. Marx morria de medo da imprevisibilidade da vida. E é amado por aqueles que sofrem do mesmo pavor.