O YING YANG DA ARTE: CLÁSSICOS CONTRA ROMÂNTICOS. UMA VISÃO NO ROCK N ROLL PRA VOCE ENTENDER MELHOR.
Desde sempre a coisa foi assim. De um lado criadores que usam acima de tudo a razão. E do outro, os que
pensam ser o coração o centro criador. Os racionais seguem regras, evitam falar de si mesmo, querem criar
obras distintas de si-mesmo. Os outros são o oposto em tudo: desejam ser originais, falam sempre de si e
a obra é feita como fosse parte da própria alma de quem a faz.
O clássico se vê como um mestre. O romântico como um heroi. O mestre pode ser heroico, Bach e Mozart são
herois clássicos. Mas o mestre NUNCA se guia por algum heroísmo. Ele tem pudor. Ele serve à obra.
O romântico pode ser um mestre no que faz. Beethoven domina toda o conhecimento musical. Mas, romântico que
é, Beethoven É sua obra. Acima de tudo o romântico se desnuda ao público. O clássico se esconde.
No mundo do rock, mundo em que penso voce estar mais à vontade, todo desavisado tenderá a achar que tudo nele
é romantismo, pois o rock é coração e alma exposta. NÃO BABY, NÃO É. Se Johnny Cash falava de sua alma todo o
tempo, Elvis era o artista perfeito. Elvis domina o meio, mas NUNCA se revela. Marvin Gaye é romântico desde
sempre, Otis Redding não.
Perceba como os Beatles ficam todo o tempo falando de ME, MYSElf and I. Tudo neles tem por objetivo emocionar.
E essa emoção vem pelo coração posto nú. No rock hippie dos anos 60, voce dificilmente encontrará algo de
cerebral. Quando acontece, geralmente é no POp negro. A Motown e a Stax fazem arte em moldura perfeita. Picket
e Smokey Robinson são perfeitos. E nunca falam de si mesmos.
Hippies odiaram os anos 70 porque foi tempo de rock muito mais clássico. Não à toa é o tempo de Kraftwerk,
Bowie e Steely Dan. Neles o objetivo é a perfeição. A técnica. A música é estudada, planejada. Cérebro adiante
da pura emoção. Nada feito por acaso. Sem improvisos. Na música prog nada é romântico. Voce se engana se
confunde letras bizarras com romantismo. No prog o que importa é a técnica. Saber fazer. Fripp tocando
sentado é a cara desse tipo de som. No heavy sim, há o exagero caricato do romantismo. Castelos, demons e
medievalismo: romantismo para as massas. Wagner com eletricidade.