OS TEMPLÁRIOS - PIERS PAUL READ

Este livro tem um problema fatal: ele transforma os templários no tema menos interessante de tudo que ele aborda. O autor começa falando dos antecedentes do cristianismo, e isso é muito interessante. Daí ele passa aos primeiros cristãos, e isso é mais interessante ainda. Há uma exposição das várias heresias cristãs, e esse é o mais interessante dos temas, e então vemos o nascimento do islã, interessante mas nem tanto. Quando afinal surgem os templários, na primeira cruzada, nos decepcionamos. O livro cai na monotonia. Piers Paul Read não sabe descrever batalhas, não consegue criar suspense e filosoficamente, em comparação ao que lemos até então, os templários parecem pobres. Os templários eram nobres que foram viver a vida de monges. Com o tempo eles se tornaram cavaleiros religiosos, seguidores de rígidas regras monásticas, que guardavam as rotas dos peregrinos rumo à Jerusalem. Eles eram a guarda mais temida e mais corajosa dentre os cristãos, isso por serem de longe os mais disciplinados. A ordem se tornou rica, começou a emprestar dinheiro aos reis europeus, e não é dificil imaginar que seu fim se deveu à cobiça dos reis. Eles não só deram um calote nos templários como os difamaram e tomaram suas terras. Todas as lendas sobre a ordem templária é difamação pura e simples. O lado bom do autor é que ele nos alerta todo o tempo sobre a diferença fundamental entre 2020 e os anos de 800 à 1.300 = a religião. Nós tendemos a não entender mais a importância que a religião tinha então e transformamos tudo em questão financeira. As cruzadas davam enormes prejuízos à Europa ( sim ! Incrível né ). O que movia os reis e nobres era o medo do inferno. Todos levavam vida de pecado e ir às cruzadas era a garantia de ter seus pecados perdoados. Isso era sério. Era mortal. O que move nossa vida é o dinheiro, mas naquele tempo o que os movia era a religião, e fé era questão de vida eterna. Para nós isso é tão difícil de aceitar como seria para eles entender uma guerra por petróleo. Read dá uma boa explanação sobre Maomé e o islã. Óbvio que ele não os trata como vilões, mas....caramba, é inegável que se trata da religião mais simplificada do mundo. Daí sua popularidade. Já o judaísmo quase é pintado como uma coisa não confiável. O papel dos judeus no livro não fica muito claro. Falei das belas páginas do começo do livro, não falei? São fascinantes. As histórias dos primeiros 500 anos do cristianismo são maravilhosas.