SHAMPOO - HAL ASHBY

   Deve ser engraçado um cara com menos de 40 anos ler o livro sobre drogas e a Hollywood dos anos 70, e depois ver este filme. Porque se fala muito dele no dito volume. Feito em 1975, ele foi uma hiper bilheteria. E tinha Robert Towne no roteiro, Ashby na direção e Warren Beatty como ator e produtor. Towne é colocado no Olimpo no livro por causa do roteiro de Chinatown, feito um ano antes. E Ashby era o diretor mais top depois de Altman. Ok? Mas aí o cara pega e vê este filme e deve ter um tremendo choque. Que diabos! É apenas um filme POP.
  Sim e não. É POP por ter uma direção correta, sem grandes lances, e é mais que aparenta ser, bem mais.
  O filme, que é todo Warren, no auge de sua fama de garanhão, é sobre a melancolia de um cabeleireiro que transa com todas as suas clientes ricas. Ele faz sexo 4 ou 5 vezes ao dia e começa a sentir que sua vida é um fracasso. Há um paralelo com o tempo em que o filme se passa, 1968...os jovens têm sexo e drogas, mas a eleição é ganha por Nixon.
  Beatty dá um show. Confuso, ruim de fala, ansioso, seu personagem é comovente. Inocente, um objeto bonito que todas usam. Julie Christie é seu grande amor, a namorada de um velho rico casado. Carrie Fisher é a teen que ele pega. E Goldie Hawn o caso atual. É um filme simples, mas também cheio de camadas. Vale por Warren correndo em sua moto de casa em casa tentando achar um modo de crescer.
  O fim é perfeito.