Já viveu isso Wittgeinstein: há um momento na vida de uma pessoa em que as palavras perdem o valor. E hoje, mais ainda, neste universo cheio de textos, frases, blogs, posts, memes. As pessoas falam, escrevem, tentam comunicar-se, demais, muito, em excesso. E eu aqui, neste blog, com agora uma imensa dificuldade para escrever, postar, me convencer e te convencer.
Penso que sempre tive um radar razoável para sentir o espírito do tempo. E sinto que o silêncio é hoje o bem mais precioso. Neste ano, 2019, perdi o amor absoluto que eu sentia pela palavra. Por isso escrevo menos. Por isso escrevo pior. Não há paixão aqui. Eu não sei precisar quando, mas houve um dia em que eu senti que a frase, a sentença são falsas. Elas são apenas palavras, e palavras são brinquedos, só transmitem jogos de sentidos. Palavras mentem. Mesmo quando não queremos e não pensamos mentir, elas mentem.
Isso porque elas jamais dizem exatamente o que se deseja dizer. E, pior, a pessoa que escuta entende o que ela pode e deseja entender. Não há ouvido neutro. Não há sentença inofensiva.
Sinto algum respeito pelo amor que senti um dia, e por isso estou aqui escrevendo. Mas é passado, mundo morto, ido e partido. Minha inocência sobre a escrita se perdeu. É irrecuperável. Eu poderia escrever sobre a morte de Anna Karina. Sobre um filme qualquer. Um autor do século XX. Mas a questão que coloco é: Pode-se fazer isso sem mergulhar no labirinto da vaidade?
Talvez tudo seja uma questão de politica, e hoje no Brasil o texto parece ser monopólio da esquerda. Daí a crise. Nada mais antigo e zumbi que a esquerda, ela nada tem de novo a oferecer e nada de sincero a professar. Já a direita nada escreve que possua algo de instigante. Seu discurso é realista. Seco. Cru.
Ainda sinto algum resto de paixão pelo texto científico. Meu coração se excita com um artigo sobre física ou química. Nesse tipo de texto não há a tola pretensão de se fazer arte escrita. É apenas um pretenso fato sendo comunicado em palavras. E o autor sabe que o verbo comunica o fato de modo muito pior e falho que os números.
Desconfio de gente que tem orgulho em dizer "sou de humanas, não sei contar". Pode ter certeza que ele também não sabe falar. As humanidades foram sublimes enquanto artistas e filósofos sabiam matemática. Quando sentiram despeito e passaram a esnobar a ciência, as humanidades se tornaram apenas campo para preguiçosos e vaidosos. Nada hoje é mais ridículo que um filósofo.
Por isso meu pudor em escrever. Não quero fazer parte desse povo que desprezo.
Obvio que continuo amando os autores de sempre. Mas os amo em silêncio. O que eu podia dizer sobre eles já foi dito. Meu amor foi alardeado aqui. Agora sinto em silêncio.
Não me comparo à eles, mas todo autor tem seu dia. A hora em que ele sente que o texto não tem mais o que falar. E então ele passa a viver. Viver o mundo fora do texto.
Não, isto não é o fim deste blog. Acho que ainda irei publicar alguma coisa. Breve, curta, simples. A paixão virou amizade.
Penso que sempre tive um radar razoável para sentir o espírito do tempo. E sinto que o silêncio é hoje o bem mais precioso. Neste ano, 2019, perdi o amor absoluto que eu sentia pela palavra. Por isso escrevo menos. Por isso escrevo pior. Não há paixão aqui. Eu não sei precisar quando, mas houve um dia em que eu senti que a frase, a sentença são falsas. Elas são apenas palavras, e palavras são brinquedos, só transmitem jogos de sentidos. Palavras mentem. Mesmo quando não queremos e não pensamos mentir, elas mentem.
Isso porque elas jamais dizem exatamente o que se deseja dizer. E, pior, a pessoa que escuta entende o que ela pode e deseja entender. Não há ouvido neutro. Não há sentença inofensiva.
Sinto algum respeito pelo amor que senti um dia, e por isso estou aqui escrevendo. Mas é passado, mundo morto, ido e partido. Minha inocência sobre a escrita se perdeu. É irrecuperável. Eu poderia escrever sobre a morte de Anna Karina. Sobre um filme qualquer. Um autor do século XX. Mas a questão que coloco é: Pode-se fazer isso sem mergulhar no labirinto da vaidade?
Talvez tudo seja uma questão de politica, e hoje no Brasil o texto parece ser monopólio da esquerda. Daí a crise. Nada mais antigo e zumbi que a esquerda, ela nada tem de novo a oferecer e nada de sincero a professar. Já a direita nada escreve que possua algo de instigante. Seu discurso é realista. Seco. Cru.
Ainda sinto algum resto de paixão pelo texto científico. Meu coração se excita com um artigo sobre física ou química. Nesse tipo de texto não há a tola pretensão de se fazer arte escrita. É apenas um pretenso fato sendo comunicado em palavras. E o autor sabe que o verbo comunica o fato de modo muito pior e falho que os números.
Desconfio de gente que tem orgulho em dizer "sou de humanas, não sei contar". Pode ter certeza que ele também não sabe falar. As humanidades foram sublimes enquanto artistas e filósofos sabiam matemática. Quando sentiram despeito e passaram a esnobar a ciência, as humanidades se tornaram apenas campo para preguiçosos e vaidosos. Nada hoje é mais ridículo que um filósofo.
Por isso meu pudor em escrever. Não quero fazer parte desse povo que desprezo.
Obvio que continuo amando os autores de sempre. Mas os amo em silêncio. O que eu podia dizer sobre eles já foi dito. Meu amor foi alardeado aqui. Agora sinto em silêncio.
Não me comparo à eles, mas todo autor tem seu dia. A hora em que ele sente que o texto não tem mais o que falar. E então ele passa a viver. Viver o mundo fora do texto.
Não, isto não é o fim deste blog. Acho que ainda irei publicar alguma coisa. Breve, curta, simples. A paixão virou amizade.