Eu a desejo.
E por isso sou agora um corpo. Porque ela é o único corpo que existe. Não há mais dúvida em mim. Eu sou minha pele. Meu sangue. Porque ela é mais que pele e sangue. É um universo completo.
A vida se torna simples. Estou aqui. Sou um homem que deseja. Meu corpo grita por ela. Mas falemos dos lugares...
As ruas passam a ser aquilo que são: caminhos. E o passado morre. O tempo é agora, uma corrente de agoras. Tudo leva à ela.
Consciência do corpo. O apaixonado atrai porque o corpo passa a viver inteiro. Olhos, mãos e boca vivem sua vida em plenitude.
O corpo vive apenas nos momentos como este: em paixão. No resto do tempo realizamos simulacros de paixão. Roupas, maquiagem, exercícios, brilho intelectual: tudo busca simular o estado de apaixonado. Tudo afugenta eros. Ele só vem quando não é chamado.
O corpo sabe tudo. Anda pelos dias recolhendo prazeres doloridos. Ele sabe que a paixão termina sempre em morte. Morte do próprio corpo ou mortes várias, simbólicas, reais. E ele sabe, o corpo, que ele existe para isso: paixão.
Eu a vejo e quero cheirar ela. Entrar nela. Viver dentro dela. Comer ela. Ser dela e ter ela como escrava. Ser como ela é. Fazer dela o que sou. Corporalmente. Eis a verdade da matéria. Fundir-se dois em um. O milagre.
Durmo menos e não sofro por isso. Nem mesmo posso dizer que alguma coisa aqui é sofrimento. Estou desperto. A vida material, o agora, o preciso instante me é um amigo leal. Ando de mãos dadas com a vida.
Não falo dela porque sua beleza jamais poderá ser expressa em palavras. O amante não embeleza a amada. Ele revela ao mundo a beleza que sempre foi dela. E nesse processo ele próprio se embeleza.
Mas há o cheiro. O cio. O sangue no olho. Ela é ruim como uma matilha de lobos. Ela é a natureza real. Morte e parto. Comer e ser devorado. Ela é mulher. Basta de letras!
E por isso sou agora um corpo. Porque ela é o único corpo que existe. Não há mais dúvida em mim. Eu sou minha pele. Meu sangue. Porque ela é mais que pele e sangue. É um universo completo.
A vida se torna simples. Estou aqui. Sou um homem que deseja. Meu corpo grita por ela. Mas falemos dos lugares...
As ruas passam a ser aquilo que são: caminhos. E o passado morre. O tempo é agora, uma corrente de agoras. Tudo leva à ela.
Consciência do corpo. O apaixonado atrai porque o corpo passa a viver inteiro. Olhos, mãos e boca vivem sua vida em plenitude.
O corpo vive apenas nos momentos como este: em paixão. No resto do tempo realizamos simulacros de paixão. Roupas, maquiagem, exercícios, brilho intelectual: tudo busca simular o estado de apaixonado. Tudo afugenta eros. Ele só vem quando não é chamado.
O corpo sabe tudo. Anda pelos dias recolhendo prazeres doloridos. Ele sabe que a paixão termina sempre em morte. Morte do próprio corpo ou mortes várias, simbólicas, reais. E ele sabe, o corpo, que ele existe para isso: paixão.
Eu a vejo e quero cheirar ela. Entrar nela. Viver dentro dela. Comer ela. Ser dela e ter ela como escrava. Ser como ela é. Fazer dela o que sou. Corporalmente. Eis a verdade da matéria. Fundir-se dois em um. O milagre.
Durmo menos e não sofro por isso. Nem mesmo posso dizer que alguma coisa aqui é sofrimento. Estou desperto. A vida material, o agora, o preciso instante me é um amigo leal. Ando de mãos dadas com a vida.
Não falo dela porque sua beleza jamais poderá ser expressa em palavras. O amante não embeleza a amada. Ele revela ao mundo a beleza que sempre foi dela. E nesse processo ele próprio se embeleza.
Mas há o cheiro. O cio. O sangue no olho. Ela é ruim como uma matilha de lobos. Ela é a natureza real. Morte e parto. Comer e ser devorado. Ela é mulher. Basta de letras!