PEDRA DE TOQUE - EDITH WHARTON

   Edith Wharton nasceu no fim do século XIX e no século XX se tornou uma das mais famosas e geniais escritoras em língua inglesa. Americana como Henry James, de quem foi amiga e com quem se parece, Wharton retrata normalmente, mas não sempre, o mesmo tipo de meio que James, pessoas de classe média que se sentem desconfortáveis perante a alta classe dos mais poderosos. O estilo de Wharton é tão precioso e psicológico quanto o de seu amigo mais genial, ela esmiúça os pensamentos e os sentimentos do personagem. Vivemos na alma do "herói" e nos surpreendemos ao notar que muitas vezes seu interior nada reflete da sua vida exterior. O grande toque deste livro, curto, é o contraste entre o que o herói pensa e aquilo que está acontecendo a seu redor.
  Um jovem foi amado pela mulher mais genial de seu meio. Mas ele não retribuiu. Ela vem a morrer e as cartas, centenas, que ela lhe mandava passam a valer dinheiro. Ele as vende e se casa graças à esse dinheiro. Vemos então a consequência desse ato. Tomado pela paranoia e pela culpa, cheio de medo, ele se debate em pensamentos que jamais se casam com aquilo que os outros pensam e sentem.
  O final é apressado. Wharton deixa de fazer deste livro uma obra prima por se precipitar e nos dar um final sem nuance. É seu primeiro livro e talvez isso explique esse erro. Mas se lê com prazer e emoção todo o resto. Se voce quer entrar no mundo dessa brilhante autora, este é seu portão.