Não há consenso sobre onde o movimento romântico começou. Uns dizem ter sido nas ilhas, mais especificamente na Escócia, outros, a maioria, diz ter sido na Alemanha. Depois se espalhou pelo mundo. A característica principal do romântico é o sentimento de solidão. Mas podemos também falar do egocentrismo, da sensação de perda, da busca por transcendência, da valorização das coisas jovens, puras, naturais. Não lembro quem disse a bela tese de que o corpo ansia por criar alma.
O Kraftwerk é o mais romântico dos grupos musicais de seu tempo e nisso nada há de irônico no que falo. A máquina encontra alma nas mãos desses alemães que desejavam, e conseguiram, criar um tipo de música POP que fosse 100% europeia. Da Alemanha seu som aportou na Inglaterra e de lá para a França e Bélgica. Hoje, escutando dois de seus discos, os dois melhores, percebo que a música eletrônica é a mais romântica dentro do Pop ou do Rock. O lado B do vinil de Autobahn é das coisas mais poéticas já gravadas. Assim como o lado B do Low de Bowie ( que é filho direto deste ), os discos de Ultravox, Eno, Radiohead, Yazoo, Cocteau Twins, e tantos outros, têm esse clima de "altas montanhas isoladas", de solidão alpina, de doença que isola, de ansiedade por transcender. Na América o rock sensível usa violão e é não-romântico, antes é comunitário, idealista. A América é sempre Whitman.
Mas não a Europa. E os alemães de Dusseldorf criaram um universo de novos timbres e de uma nova sonoridade. O lado B de Autobahn e no Radioactivity inteiro são um enorme poema sobre o romantismo. No sintetizador eles encontram o melhor instrumento para criar paisagens imaginárias, sempre geladas e sempre solitárias. O homem contra o mundo acompanhado por um instrumento e mais nada, um instrumento excessivamente artificial e ao mesmo tempo tão tênue como a eletricidade.
A beleza é sempre perfeição e o lado B de Autobahn é perfeito. Não existe erro na gravação do Kling Klang estúdio. Um iceberg onírico. Paisagem de sentimentos negados. A Alemanha é um ideal incômodo. É o Kraftwerk é seu símbolo.
O Kraftwerk é o mais romântico dos grupos musicais de seu tempo e nisso nada há de irônico no que falo. A máquina encontra alma nas mãos desses alemães que desejavam, e conseguiram, criar um tipo de música POP que fosse 100% europeia. Da Alemanha seu som aportou na Inglaterra e de lá para a França e Bélgica. Hoje, escutando dois de seus discos, os dois melhores, percebo que a música eletrônica é a mais romântica dentro do Pop ou do Rock. O lado B do vinil de Autobahn é das coisas mais poéticas já gravadas. Assim como o lado B do Low de Bowie ( que é filho direto deste ), os discos de Ultravox, Eno, Radiohead, Yazoo, Cocteau Twins, e tantos outros, têm esse clima de "altas montanhas isoladas", de solidão alpina, de doença que isola, de ansiedade por transcender. Na América o rock sensível usa violão e é não-romântico, antes é comunitário, idealista. A América é sempre Whitman.
Mas não a Europa. E os alemães de Dusseldorf criaram um universo de novos timbres e de uma nova sonoridade. O lado B de Autobahn e no Radioactivity inteiro são um enorme poema sobre o romantismo. No sintetizador eles encontram o melhor instrumento para criar paisagens imaginárias, sempre geladas e sempre solitárias. O homem contra o mundo acompanhado por um instrumento e mais nada, um instrumento excessivamente artificial e ao mesmo tempo tão tênue como a eletricidade.
A beleza é sempre perfeição e o lado B de Autobahn é perfeito. Não existe erro na gravação do Kling Klang estúdio. Um iceberg onírico. Paisagem de sentimentos negados. A Alemanha é um ideal incômodo. É o Kraftwerk é seu símbolo.