Existem livros escritos em certas épocas que não parecem tão mortos quanto os livros escritos na Vienna de 1900. Lendo Chaucer por exemplo, autor medieval, sinto uma coisa viva, vibrante, quase completamente contemporânea. A literatura do século XVIII em grande parte está dando pulos de saúde. Mas os autores da cultura Austríaca de antes da guerra parecem existir em um mundo perdido, tão distante de nós quanto o barroco. É um mundo de beleza, é um mundo que deve ser conhecido, mas ele é frio, sem movimento, e fala de coisas que nos são muito estrangeiras. É como ler algo escrito por um plutoniano.
Hugo Von Hofmannsthal foi um gênio. Poeta, dramaturgo, contista, ele é o centro aristocrático dessa cultura. Viveu entre os anos finais do século dezenove e os anos 20 do século XX. Neste livrinho lançado agora pela Ayiné, bela capa, podemos ler a correspondência entre o poeta aos 20 anos e um amigo de mesma idade. O amigo é marujo aprendiz e viaja pelo mundo todo. O poeta se prepara para ser soldado. Apesar de serem ambos da elite, é isso que se espera deles, a vida militar. O amigo é pessoa triste, perdido, inconformado. O poeta já revela a pose olímpica de um literato de então. Há nele muito do espírito de Rilke e de Wiittgeinstein. É a cultura do distanciar-se da vida e da não confiança em relação às palavras.
O poeta diz que as palavras são coisas fora da vida. Que a vida são impressões recebidas pela alma, e as palavras são apenas uma coisa paralela, irreal, criação artificial do homem. O poeta tenta unir alma e palavra, ação impossível, mas se tenta mesmo sabendo ser um fracasso contínuo.
É bonito perceber como os dois mudam em 3 anos de cartas. E em como a troca de carinho entre eles é até chocante para nós. Somos muito mais frios. Nossa cultura caminha para a indiferença desde sempre.
Ser um gentleman é o grande objetivo dos dois, há um amor pelas língua inglesa. Gentleman é para eles: ter cultura e bons modos, não se exaltar sobre nada, sofrer a dor sem se deixar abater. Os dois amigos seriam hoje tratados como bipolar.
Leia este livro curto e simples. É um belo passeio por duas almas adolescentes.
Hugo Von Hofmannsthal foi um gênio. Poeta, dramaturgo, contista, ele é o centro aristocrático dessa cultura. Viveu entre os anos finais do século dezenove e os anos 20 do século XX. Neste livrinho lançado agora pela Ayiné, bela capa, podemos ler a correspondência entre o poeta aos 20 anos e um amigo de mesma idade. O amigo é marujo aprendiz e viaja pelo mundo todo. O poeta se prepara para ser soldado. Apesar de serem ambos da elite, é isso que se espera deles, a vida militar. O amigo é pessoa triste, perdido, inconformado. O poeta já revela a pose olímpica de um literato de então. Há nele muito do espírito de Rilke e de Wiittgeinstein. É a cultura do distanciar-se da vida e da não confiança em relação às palavras.
O poeta diz que as palavras são coisas fora da vida. Que a vida são impressões recebidas pela alma, e as palavras são apenas uma coisa paralela, irreal, criação artificial do homem. O poeta tenta unir alma e palavra, ação impossível, mas se tenta mesmo sabendo ser um fracasso contínuo.
É bonito perceber como os dois mudam em 3 anos de cartas. E em como a troca de carinho entre eles é até chocante para nós. Somos muito mais frios. Nossa cultura caminha para a indiferença desde sempre.
Ser um gentleman é o grande objetivo dos dois, há um amor pelas língua inglesa. Gentleman é para eles: ter cultura e bons modos, não se exaltar sobre nada, sofrer a dor sem se deixar abater. Os dois amigos seriam hoje tratados como bipolar.
Leia este livro curto e simples. É um belo passeio por duas almas adolescentes.