Assistir este filme depois de 7 anos de estudos em educação e 9 anos de prática...é doloroso. Se em 1984 a coisa era dura, hoje piorou muito. Vamos ao filme.
Cinco alunos que não se conhecem são obrigados a passar o sábado na escola. Eles não se conhecem e cada um representa um dos chavões da adolescência. A primeira sacada do filme, ótima, e que vem na citação de Bowie, é a de que adolescência é uma invenção de adultos. Uma criação feita para reduzir adolescentes a tipos catalogáveis. Temos então o rebelde, o esportista, o nerd, a patricinha e a esquisita. Não há nenhum tipo em 2017 para se encaixar aí. Fora da adolescência, olhando de longe, esses são os tipos. Digamos apenas que a esquisita hoje engloba um espectro maior de esquisitices. E que o rebelde diminuiu muito.
Judd Nelson faz o rebelde e no começo ele é tão cliché que ameaça afundar o filme. Mas é proposital. Nos anos 80 o rebelde já era um cliché criado por conformistas. Bem escrito por John Hughes, esse personagem consegue se humanizar sem mudar ou suavizar, o que é bem difícil de fazer. Anthony Michael Hall quase rouba o filme como o nerd. Temos pena dele. E rimos com ele. Fico pensando qual deles eu fui. Não, nunca fui um nerd. Eu teria sido o esquisito?
Ally Sheedy tem menos falas, mas rouba o filme. Ela faz com que a gente se apaixone por ela. Com sua timidez mórbida, ela se esconde detrás de cabelo e capuz. Quando fica mais normal rola uma decepção, ela se enfeia na verdade. É um papel maravilhoso para uma atriz brilhante.
Molly Ringwald faz uma mágica. A patricinha não é odiável. Aliás, o elenco está tão bem afinado que nenhum é adorável fofo e nem detestável símbolo. O filme faz o que propõe: eles são muito mais que cinco tipos.
Molly é uma patricinha. Mas é acima de tudo uma menina. Assim como Emilio Estevez, que está ok, mas é de longe o menos bom.
Eu fui os cinco. E a mensagem do filme é que todo adolescente é os cinco. Uma mistura de tudo aquilo, e de ainda mais. Uma pessoa cheia de medo, de raiva, de amor e de vontade de viver. Nós judiamos deles. Muito. Damos a eles uma vida indesejada. Mas o pior é que os vemos como personagens, tipos muito bem definidos.
Hoje ainda é assim. Todas as salas que olhos tem a popular, os esquisitos, os rebeldes, os nerds e os caras do esporte. Não consigo ver mais nada além disso. Minto, vejo sim, quando me dou ao trabalho de olhar um pouco mais. Percebo então que a popular é esquisita. Que o esportista é nerd. Ou que eles não são nada disso. São mais, muito mais.
Tive a sorte de ver este filme em 1985. E me identifiquei muito com o rebelde. Revi nos anos 90 e achei que a esquisita era linda. E agora eu amo todos os cinco.
Falar a real: John Hughes fez aqui um grande filme. Muito maior do que percebemos então. Ele atingiu um tipo de perfeição.
Cinco alunos que não se conhecem são obrigados a passar o sábado na escola. Eles não se conhecem e cada um representa um dos chavões da adolescência. A primeira sacada do filme, ótima, e que vem na citação de Bowie, é a de que adolescência é uma invenção de adultos. Uma criação feita para reduzir adolescentes a tipos catalogáveis. Temos então o rebelde, o esportista, o nerd, a patricinha e a esquisita. Não há nenhum tipo em 2017 para se encaixar aí. Fora da adolescência, olhando de longe, esses são os tipos. Digamos apenas que a esquisita hoje engloba um espectro maior de esquisitices. E que o rebelde diminuiu muito.
Judd Nelson faz o rebelde e no começo ele é tão cliché que ameaça afundar o filme. Mas é proposital. Nos anos 80 o rebelde já era um cliché criado por conformistas. Bem escrito por John Hughes, esse personagem consegue se humanizar sem mudar ou suavizar, o que é bem difícil de fazer. Anthony Michael Hall quase rouba o filme como o nerd. Temos pena dele. E rimos com ele. Fico pensando qual deles eu fui. Não, nunca fui um nerd. Eu teria sido o esquisito?
Ally Sheedy tem menos falas, mas rouba o filme. Ela faz com que a gente se apaixone por ela. Com sua timidez mórbida, ela se esconde detrás de cabelo e capuz. Quando fica mais normal rola uma decepção, ela se enfeia na verdade. É um papel maravilhoso para uma atriz brilhante.
Molly Ringwald faz uma mágica. A patricinha não é odiável. Aliás, o elenco está tão bem afinado que nenhum é adorável fofo e nem detestável símbolo. O filme faz o que propõe: eles são muito mais que cinco tipos.
Molly é uma patricinha. Mas é acima de tudo uma menina. Assim como Emilio Estevez, que está ok, mas é de longe o menos bom.
Eu fui os cinco. E a mensagem do filme é que todo adolescente é os cinco. Uma mistura de tudo aquilo, e de ainda mais. Uma pessoa cheia de medo, de raiva, de amor e de vontade de viver. Nós judiamos deles. Muito. Damos a eles uma vida indesejada. Mas o pior é que os vemos como personagens, tipos muito bem definidos.
Hoje ainda é assim. Todas as salas que olhos tem a popular, os esquisitos, os rebeldes, os nerds e os caras do esporte. Não consigo ver mais nada além disso. Minto, vejo sim, quando me dou ao trabalho de olhar um pouco mais. Percebo então que a popular é esquisita. Que o esportista é nerd. Ou que eles não são nada disso. São mais, muito mais.
Tive a sorte de ver este filme em 1985. E me identifiquei muito com o rebelde. Revi nos anos 90 e achei que a esquisita era linda. E agora eu amo todos os cinco.
Falar a real: John Hughes fez aqui um grande filme. Muito maior do que percebemos então. Ele atingiu um tipo de perfeição.