São 3 capítulos longos. Em cada um, uma história com tempo e personagens diferentes. Todas se passam em Portugal.
A primeira é em 1903. Um rapaz vai de carro de Lisboa até o norte do país. Automóveis são novidades e a viagem é um pesadelo. Esse rapaz quer encontrar uma relíquia numa igreja esquecida. O texto, detalhista às vezes, outra vez apressado, parece árido. Difícil de ler.
A segunda história é a de um patologista. Na noite de ano novo de 1939 ele vivencia o horror. É dos textos mais perturbadores que já li. Chego a pensar que não deveria ter lido. Não contarei detalhes.
O terceiro justifica as falhas dos outros dois. É encantador. Fala de um senador do Canadá que adota um chimpanzé. Riquíssimo em sentido e em diversão, é um primor em termos de conto filosófico. A única coisa que posso dizer é que a mensagem é sublime.
Yann Martel escreveu a Vida de Pi, e este novo livro não faz a metade do sucesso daquele. Penso que seja porque este começa de um modo muito antipático. E também porque Portugal não é tão exótico como a India. Os dois têm paralelos: viagens, busca, sofrimento intenso, algum humor e Deus como uma presença escondida em animais. Penso que este livro daria um filme ainda melhor que PI. Só que bem mais difícil de se fazer.
Há um momento, sublime, no livro, em que o personagem entende que melhor seria aprender a ser um bicho, que ensinar um bicho a parecer gente. Senti isso, intuitivamente, em 1991, com meu cachorro Nicky. Aprendi com ele a ser um bicho. E ser um bicho não é fazer palhaçadas ou aprender a brigar. É aprender a NÃO FAZER NADA. A ignorar o tempo e ficar simplesmente VIVO.
Essa descoberta, que parece enganosamente simples, é de uma dificuldade imensa. Nossa razão nos impele a aproveitar o tempo, usar o tempo, a viver a vida. Mas na verdade viver é simplesmente esquecer de viver.
Não é um livro fácil e não é bem escrito.
Mas todos vocês deveriam tentar o ler.
A primeira é em 1903. Um rapaz vai de carro de Lisboa até o norte do país. Automóveis são novidades e a viagem é um pesadelo. Esse rapaz quer encontrar uma relíquia numa igreja esquecida. O texto, detalhista às vezes, outra vez apressado, parece árido. Difícil de ler.
A segunda história é a de um patologista. Na noite de ano novo de 1939 ele vivencia o horror. É dos textos mais perturbadores que já li. Chego a pensar que não deveria ter lido. Não contarei detalhes.
O terceiro justifica as falhas dos outros dois. É encantador. Fala de um senador do Canadá que adota um chimpanzé. Riquíssimo em sentido e em diversão, é um primor em termos de conto filosófico. A única coisa que posso dizer é que a mensagem é sublime.
Yann Martel escreveu a Vida de Pi, e este novo livro não faz a metade do sucesso daquele. Penso que seja porque este começa de um modo muito antipático. E também porque Portugal não é tão exótico como a India. Os dois têm paralelos: viagens, busca, sofrimento intenso, algum humor e Deus como uma presença escondida em animais. Penso que este livro daria um filme ainda melhor que PI. Só que bem mais difícil de se fazer.
Há um momento, sublime, no livro, em que o personagem entende que melhor seria aprender a ser um bicho, que ensinar um bicho a parecer gente. Senti isso, intuitivamente, em 1991, com meu cachorro Nicky. Aprendi com ele a ser um bicho. E ser um bicho não é fazer palhaçadas ou aprender a brigar. É aprender a NÃO FAZER NADA. A ignorar o tempo e ficar simplesmente VIVO.
Essa descoberta, que parece enganosamente simples, é de uma dificuldade imensa. Nossa razão nos impele a aproveitar o tempo, usar o tempo, a viver a vida. Mas na verdade viver é simplesmente esquecer de viver.
Não é um livro fácil e não é bem escrito.
Mas todos vocês deveriam tentar o ler.