Algumas pessoas, intelectualizadas, gostam de dizer que brinquedos são ferramentas que nos fazem na infância aprender a lidar com a realidade. Eu prefiro pensar que brinquedos são atores que usamos para aprender a amar. Eles são meios que despertam nossa estética, são focos de nossa atenção, concentração e imaginação. Amamos sua cor, seu peso, sua sinuosidade. Viajamos em suas possibilidades e agarramos sua realidade. Na minha vida poucos amores foram tão fortes como os que senti por meus brinquedos. Abrir o pacote em que eles vinham embalados nada ficava a dever ao ato de despir uma mulher.
Um elmo de cavaleiro medieval, branco, com uma cruz vermelha. O escudo e a espada acompanhavam, nas mesmas cores. Uma cidade toda feita em madeira, cidade do faroeste, as portas de vaivém do saloon, a casa do sheriff. Ainda sinto o cheiro da madeira.
Uma locomotiva movida a pilha, que corria e fazia barulho de trem, piscava luzes coloridas.
Um Fusca vermelho, de bombeiro, que batia nas paredes e voltava, escandaloso.
Um enorme cachorro marrom de pelúcia, tão grande que eu me sentava nele, como se fosse um cavalo. Desse eu ainda sinto sua presença. Eu olhava sua cabeça, esperando ver sua piscada.
A noite em que ganhei um Fusca vermelho, dessa vez um desses carrinhos em que se pode montar e andar com pedais. Ele tinha buzina, faróis que acendiam, volante. O plástico duro, frio. Eu olhava apaixonado a luz amarela dos faróis.
Minha bicicleta, vermelha também, uma Berlineta Caloi, onde aprendi rapidamente a correr sem o apoio das rodinhas de segurança.
Meus bonecos, pelos quais me apaixonei completamente, um elefante de borracha com chapéu de circo, meu Cebolinha, um cachorro cor de vinho com grandes orelhas caídas, um gato azul, dengoso, com eles eu montava histórias sobre a manhã.
Tive um Autorama que logo queimou, tive um Forte Apache, uma Corrida Mágica.
No fim da infância vieram os carrinhos Matchbox, o primeiro um carro de corrida laranja que eu não cansava de olhar.
Fiz casas com blocos de madeira, o cheiro que eu sempre adorava, construí coisas inúteis com os Pinos Mágicos, pequenos blocos de plástico barato, mal feitos, que me deixavam doido de ansiedade.
Atirei com pistolas que soltavam flechas com ventosas. Botei fogo em carrinhos de lata. Voei com aviões da segunda-guerra. Colei álbuns de figurinha com cola feita em casa, grossa e com cheiro tão bom que eu queria comer.
Nos meus cenários, o porão, o quarto, o quintal, o campo aberto e sem muros, brinquei amando e amei brincando. Um exército completo com meus soldados americanos, até bazuca havia. Os tanques dispostos no chão de tacos de madeira, meus joelhos esfolados. Deus meu! Eu não parava de brincar! Com as revistas de minha mãe, com cabos de vassoura, com pedras no chão, na cama, na escola, sozinho ou com meu irmão.
E depois na faculdade, fazendo peças de brinquedo, gravando videos à toa, inventando coisas pra amar.
Talvez aqui exista uma bela frase: o amor, a gente inventa pra brincar...
Um elmo de cavaleiro medieval, branco, com uma cruz vermelha. O escudo e a espada acompanhavam, nas mesmas cores. Uma cidade toda feita em madeira, cidade do faroeste, as portas de vaivém do saloon, a casa do sheriff. Ainda sinto o cheiro da madeira.
Uma locomotiva movida a pilha, que corria e fazia barulho de trem, piscava luzes coloridas.
Um Fusca vermelho, de bombeiro, que batia nas paredes e voltava, escandaloso.
Um enorme cachorro marrom de pelúcia, tão grande que eu me sentava nele, como se fosse um cavalo. Desse eu ainda sinto sua presença. Eu olhava sua cabeça, esperando ver sua piscada.
A noite em que ganhei um Fusca vermelho, dessa vez um desses carrinhos em que se pode montar e andar com pedais. Ele tinha buzina, faróis que acendiam, volante. O plástico duro, frio. Eu olhava apaixonado a luz amarela dos faróis.
Minha bicicleta, vermelha também, uma Berlineta Caloi, onde aprendi rapidamente a correr sem o apoio das rodinhas de segurança.
Meus bonecos, pelos quais me apaixonei completamente, um elefante de borracha com chapéu de circo, meu Cebolinha, um cachorro cor de vinho com grandes orelhas caídas, um gato azul, dengoso, com eles eu montava histórias sobre a manhã.
Tive um Autorama que logo queimou, tive um Forte Apache, uma Corrida Mágica.
No fim da infância vieram os carrinhos Matchbox, o primeiro um carro de corrida laranja que eu não cansava de olhar.
Fiz casas com blocos de madeira, o cheiro que eu sempre adorava, construí coisas inúteis com os Pinos Mágicos, pequenos blocos de plástico barato, mal feitos, que me deixavam doido de ansiedade.
Atirei com pistolas que soltavam flechas com ventosas. Botei fogo em carrinhos de lata. Voei com aviões da segunda-guerra. Colei álbuns de figurinha com cola feita em casa, grossa e com cheiro tão bom que eu queria comer.
Nos meus cenários, o porão, o quarto, o quintal, o campo aberto e sem muros, brinquei amando e amei brincando. Um exército completo com meus soldados americanos, até bazuca havia. Os tanques dispostos no chão de tacos de madeira, meus joelhos esfolados. Deus meu! Eu não parava de brincar! Com as revistas de minha mãe, com cabos de vassoura, com pedras no chão, na cama, na escola, sozinho ou com meu irmão.
E depois na faculdade, fazendo peças de brinquedo, gravando videos à toa, inventando coisas pra amar.
Talvez aqui exista uma bela frase: o amor, a gente inventa pra brincar...