WALT NO SEU DIA DE ANOS

   Walt Whitman é, com Rimbaud e Baudelaire, o mais celebrado do poetas. Portanto no dia de seu aniversário, 31, não me sinto em dívida para o homenagear. Penso que muito mais relevante é dar graças ao mundo que ele amava.
 O mundo aberto, das estradas sem fronteira, onde os caminhos vazios se abrem para quem quiser os percorrer. O mundo das pessoas anônimas, que vivem sua vida corporal, com seus músculos retesados, suor escorrendo, faces sujas de trabalho. A liberdade de ser vários em um, de se contradizer, de negar aquilo que se acabou de falar, de gostar de tudo, de comer, beber e amar o mundo. A vida de Walt é a celebração da vida e é por isso que essa poesia do otimismo, do emigrante, do nativo que sabe estar em seu lugar, moldou os EUA, o país do otimismo institucionalizado. Ao contrário do europeu, sempre hesitante, sempre relativista, o americano bota as mãos e toma posse, constrói, vai adiante sempre, marcha ao futuro, pensa pouco no passado, caminha o caminho adiante, vai.
 A gente nunca sabe se um poeta molda um país ou se percebe a alma de uma nação e a traduz antes de que ela seja percebida. Walt dá voz e estatuto à América. Ele e Mark Twain são o lado solar do país. ( Hawthorne e Melville expõe o lado escuro da nação ).
 Descobrir Whitman quando o descobri foi fundamental para minha vida. Ele me revitalizou, me deu voz, me levou pra frente. Desde então outros poetas eu conheci. Hoje amo mais a Yeats, Keats, Eliot e Stevens. Mas foi Walt que me fez descobrir a poesia. Foi com ele que aprendi a ler poemas do jeito certo. Ele me pariu.