MOBY DICK, HERMAN MELVILLE

   Meu nome é Ismael.
   É desse modo que começa esse romance. Um dos 3 melhores começos de livro que já li. Moby Dick é vasto como um país, e assim como Whitman na poesia e Emerson no ensaio, Melville faz no romance o parto da América. Na busca febril de Ahab pela baleia se antecipa a busca de uma nação pelo controle do irracional, pelo poder sobre a natureza e da riqueza mítica.
 A linguagem é a língua "americana", ou seja, a língua do púlpito. A leitura em voz alta seria ideal, mas se você ler silenciosamente, imagine sempre um leitor no alto de um estrado e vários ouvintes em bancos de madeira. Melville escreve não para o leitor, ele escreve para Deus, e esse Deus é vingativo, cruel, duro, como o mar.
 Este livro parece escrito com lama, lodo, sangue e gordura de baleia. É desagradável, muitas vezes chato, fechado em seu mundo escuro, frio e tenebroso, violento. A luz custa a surgir e quando surge logo morre.
 Moby Dick, como todo grande livro, é um universo completo, ele se basta e apesar de muito influente não deixa filhos. Único.
 PS: Os outros inicios são os de Anna Karenina e de O Caminho de Swann.