PRINCE

   A primeira vez que vi Prince foi no clip de 1999 na TV Cultura. Era 1983 e achei aquilo a coisa mais sexy do mundo. Ele parecia safado, uma mistura de Sly Stone com Little Richard. Mas o que mais me chocou foi o som. Ele era esfuziante. Foi ele quem me abriu os ouvidos para o sintetizador. Eu tinha preconceito contra sons sintéticos e Prince derrubou isso por terra. Virei fã. E entre 1983 e 1991 comprei todos os seus discos. Que foram muitos. Prince compunha sem parar, fazia shows, filmes, clips sempre interessantes, tocava todos os instrumentos, trabalhava sem parar.
   Foi a década dos hiper mega stars. E Prince foi um dos cinco maiores. Michael Jackson tinha um desejo óbvio de ser Prince. Mais que tudo, se criou a ideia de que MJ era Beatles e Prince era Rolling Stones. O mundo conhecia o gênio de Minneapolis. Prince virou rei.
   Ninguém segura uma onda dessas. Ele pirou. E durante a década de 90, foi sumindo. Sombra do que fora.
   Então ele morre hoje. Aos 57. Meus ídolos dos anos 80 envelheceram e não me interessam mais. Prince não. Seus melhores discos sobrevivem. São retratos perenes de um tempo exagerado e eufórico. Brilham. São sexy, esbanjam criatividade, sacolejam, e sabem fazer chorar também. O ritmo era para ele natural. A harmonia vinha fácil. Ele não fazia esforço, como Mozart, parecia ter um tipo de privilégio divino.
   No mundo musical ter cinco anos de glória é um sonho. Dez anos é raro e vinte é para os gigantes. Prince foi o dono do POP por dez anos. Ele, Madonna e MJ deram as cartas. Dos 3 ele era o mais interessante. E criou, para o bem e para o mal, com Madonna, aquilo que entendemos como "astro POP".
  Descanse alma irmã. Seu trabalho terrestre fica. As estrelas agora são suas.