CAVALEIRO DE COPAS- TERRENCE MALICK

   Perdemos as asas e distraídos por uma poção, esquecemos da Pérola, a joia que devemos encontrar...
  Las Vegas tem distrações. O filme não distrai, mas é cheio de coisas que distraem. Casas, praias, plantas em vasos, muitas mulheres, estradas, propaganda, festas, drogas. O Cavaleiro de Copas cambaleia entre as coisas, o excesso de coisas do mundo. A memória se apaga. Qual a joia...
  O filme cambaleia. Os melhores cineastas existenciais estavam filmando à procura de pureza, de vazio, de liberdade. Malick encontrou tudo isso faz muito tempo, e por isso paga um preço: seus filmes agora se parecem com conclusões e não com construções. Vemos uma verdade sendo exposta e nunca participamos da aventura da procura.
  Mas ele é um poeta. Este filme é seu A Doce Vida ( claro que o filme de Fellini é um infinito melhor ), e onde o italiano achava o mistério, Malick encontra a verdade. Qual é ela: Somos como cavaleiros que se perderam. Mas ainda podemos achar nossa joia, a Pérola. Basta ir atrás.
  Parece simples, e é. Desconfie sempre de filosofias muito complicadas. De Montaigne à Kierkegaard, os melhores são diretos.
  A recompensa que o filme dá vem no fim: duas mensagens: temos muito mais amor dentro de nós que aquele que admitimos dar. E a dor é uma benção por nos afastar do mundo. A dor faz com que vejamos o que importa.
  Longe de ser um grande filme, chato e vazio em muitas partes, ele merece ser visto e entendido. No mundo de espetacular distração ou de dores pornográficas, é bom ver imagens que remetem ao nada.