O FIM DO MUNDO

   Tenho amigos de boa cultura que talvez não saibam disto. O que prova como a história tem sido jogada na lata de lixo. E se você não conhece aquilo que aconteceu, sinto muito, você vai repetir o mesmo erro pra sempre.
  Houve um momento, em 1962, em que o mundo poderia realmente ter acabado. A coisa foi tão séria que naquele dia, alertado pela Casa Branca, Frank Sinatra lotou seu avião de comida, pegou os filhos e se preparou para ficar voando, em círculos, pelo deserto, enquanto NY e Washington eram destruídas. E no resto do mundo, aturdidos, as pessoas, sem conseguir entender direito aquilo, se preparavam para a Terceira Guerra Mundial, que seria a última.
  Kruschov, primeiro ministro soviético, instalara misseis nucleares em Cuba. Apontados para a Europa e para os USA. John Kennedy mandar a marinha bloquear a ilha do Caribe. O impasse. Ou os russos tiravam os misseis, ou a ilha ficaria isolada do mundo. Krushov mandou a marinha russa para a ilha. Eles chegariam em 3 dias. A guerra tinha data para começar. A guerra nuclear.
  Se um comandante russo ou americano apertasse um simples gatilho de metralhadora tudo poderia se precipitar. Não era como hoje. Não era o terrorismo que nos dilacera lentamente. Seria um fim rápido. Uma guerra de poucas semanas. E se ela tivesse ocorrido eu e você não estaríamos aqui. Não só URSS e USA tinham bombas de sobra para acabar om tudo. China, França, Inglaterra e a India já as tinham.
   No fim Krushov tirou os misseis. E os USA relaxaram o bloqueio. Foi após esse alivio, alivio meia boca, que explodiu o hedonismo dos anos 65-68. A galera se pôs a viver a vida loucamente. Antes que tudo explodisse.
   Foram anos absurdos. Trágicos e patéticos. ( Falo de 60-63 ). Se aqui a gente tinha Jânio se embebedando e largando o emprego; nos EUA havia Kennedy, para Gore Vidal e Paulo Francis, o PIOR presidente da América até Bush filho.
   Tudo isto que conto está no livro sobre Sinatra. E Sinatra, amigo de Kennedy, está no centro do mundo. Nunca houve, até hoje, um cantor tão poderoso. Com tanta liberdade e tráfego em meio ao alto poder. Sinatra ajudou Kennedy a vencer. Sinatra sempre foi um democrata sincero. Amava Roosevelt, Truman e confiou na família Kennedy. Odiava os republicanos. Odiava Nixon. Mas Sinatra foi porcamente traído.
   O livro nos ajuda a entender a podridão que o Brasil parece descobrir só agora.
   Joe Kennedy, pai de John, fez fortuna vendendo bebida quando bebida era ilegal. Ganhou também com contrabando e cinema. Era um homem duro, rude e muito temido. Ficou tão rico que conseguiu ser considerado um tipo de aristocrata. Vejam só! Seu sonho era fazer de John presidente. John Kennedy era culto, educado, bonito, carismático e louco por sexo. Escreveu dois livros, foi herói de guerra e casou com Jacqueline Bouvier, essa sim, uma verdadeira aristocrata americana. A chifrava com atrizes, putas, cantoras, primas, empregadas, o que pudesse tocar. Ela sabia e sentia vergonha.
  Sinatra se apaixonou por John Kennedy. O americano-irlandês tinha aquilo que Frank não tinha: educação, berço, estilo seguro. Sinatra arrumava mulheres para John. O levava a festas. Hospedava. E nas eleições presidenciais convenceu seus contatos suspeitos a darem uma força.
  Os contatos de Sinatra roubaram a eleição. É duro dizer, mas Nixon foi roubado. Kennedy venceu por menos de 1% dos votos. E a Máfia, pressionando, batendo, fazendo boca de urna violenta, ajudou nessa vitória. Mas...e aí vem um dos mais belos dramas de Sinatra, após vencer Kennedy vira as costas à Frank. Não fica bem para um presidente ser amigo de um amigo de mafiosos. Frank fica doido de rejeição.
  Bela história não...tem muito mais! O livro é obrigatório.