HATEFUL EIGHT, UM ERRO DE TARANTINO.

    Tarantino sabe dirigir. Sabe enquadrar, cortar, dá ritmo às cenas. Mas seu estilo, sempre vazio, começa a cansar. Ele sempre nada teve a dizer. Seu mundo é o cinema e só o cinema. Tenho a impressão que ele não teve infância. Nem juventude. Seus filmes revelam uma absoluta falta de assunto. Ele não lê. Parece não viajar. Vê filmes. Muitos. E filma filmes sobre filmes.
    Não, não mudei de ideia. Continuo achando Pulp Fiction genial. Assim como Kill Bill ou Jackie Brown. E sempre disse que eram vazios. Tarantino dirige tão bem que consegue nos hipnotizar filmando papo furado. Mas agora, neste filme, a coisa vai longe demais. Veja bem, o filme é bom de se olhar. É teatro, no sentido de que temos pouca ação, quase nula, e muito diálogo. O diretor tem swing e os atores se esforçam. Mas quando o filme acaba nos sentimos enganados. O que foi aquilo! Nada de história, tudo bobo, humor forçado tosco, para que esse filme...
    Quentin Tarantino é um talentoso diretor de mais de 50 anos que continua fazendo filmes que parecem feitos por um genial talentoso garoto de 18. Isso pode ser ótimo. Se ele tiver um roteiro na mão. Uma história. Mas aqui o que ele tem é apenas uma coleção de maneirismos de faroeste italiano. ( Marquis Warren e Mannix são nomes de um diretor de cinema C e de uma série de TV dos anos 60 ).
   O filme, que não é ruim, é apenas tolo. Uma pena, porque nesse mundo de filmes histéricos ou metidos a besta, um diretor relax como Quentin é sempre bem vindo. Mas aqui ele brincou demais.