FRANÇA

   Em 1975 minha família foi pela primeira vez à França. Lembro das cores do céu e do vento em Orly. Mas agora quero falar do era o aeroporto de então. Descemos do avião e fomos entrando no país. Um civil deu uma rápida olhada em nossos passaportes e passamos. Ninguém abriu nossa bagagem de mão, meu pai poderia ter uma bazuca ou meio quilo de pó, ninguém perceberia. Em todo o aeroporto, e minha mãe confirma que foi assim até recentemente, não se via um só policial. E assim foi por toda a Europa ocidental. Apenas na Espanha, ao entrar em San Sebastian, dois policiais olharam nossa cara e pediram para entrar.
  A pá de cal sobre esse mundo foi jogada ontem. Você meu jovem, que só conhece esse estranho mundo de câmeras, vigias, portões e grades, irá ter de se acostumar a mais vigilância. Os loucos das sombras querem nos fazer ovelhas assustadas, Faz tempo que conseguiram.
  Minha indignação é impossível de ser expressa. Estamos numa guerra contra as sombras que dura décadas. Mas os tolos relativistas colocam vendas de sofismo sobre nossos olhos. O mal está firme e unido, nós divididos e paralisados.
  Meu mundo nasceu com a dúvida de Sócrates. Depois recebeu o direito romano e a caritas cristã. Essa a trindade do ocidente que querem destruir. E sinto que conseguiram. A França não mais é A França. Ela perdeu.
Todos perdemos.