A ideia dominante na escrita atual: se você escrever detalhadamente TUDO o que você faz, sente e pensa; você automaticamente terá escrito um grande romance. Uma bobagem pensar assim. Primeiro: Essa afirmação dá a falsa certeza de que escrever é mais uma questão de paciência que de criação. Segundo: O caminho para entediar o leitor fica aberto. Terceiro: A verdade, a realidade é impossível de ser capturada. Principalmente por meios verbais.
Ian McEwan conta um dia na vida de um neurocirurgião. Um sábado em que esse médico, rico, bem sucedido, quarentão, casado, pai de dois filhos, acorda de madrugada e vê um avião cair em Londres. Na sequência ele sofre um leve acidente de trânsito, joga squash, faz um jantar e recebe o sogro, poeta famoso, para jantar. Nessas 24 horas de agitam, dentro desse homem, lembranças, medos, desejos, pensamentos comuns, dúvidas, ansiedade. Well....eis a receita de mais um livro chato. De mais um dos milhares de sub-Ulysses. A saga do homem moderno. Mas, que sorte!, aqui há uma ressalva: Ian tem talento e sua escrita, fluida, sinuosa, simples sem ser fácil, salva o romance. Ele é lido com prazer. O médico, um homem racional, objetivo, científico, nunca parece caricato. Sem ser uma personagem "encantadora", muito menos um herói, nós o acompanhamos com interesse. E dentre seus charmes está o dom que ele tem de explicar tudo através da geografia do cérebro. Ele conhece o órgão, seus segredos, sua massa, desconhece muito, quase tudo, da vida. As coisas o surpreendem e sua saga é essa, descobrir que as consequências de seus atos são incompreensíveis.
Nunca tão genial como em Reparação, este livro é uma linda escolha. Leia.
Ian McEwan conta um dia na vida de um neurocirurgião. Um sábado em que esse médico, rico, bem sucedido, quarentão, casado, pai de dois filhos, acorda de madrugada e vê um avião cair em Londres. Na sequência ele sofre um leve acidente de trânsito, joga squash, faz um jantar e recebe o sogro, poeta famoso, para jantar. Nessas 24 horas de agitam, dentro desse homem, lembranças, medos, desejos, pensamentos comuns, dúvidas, ansiedade. Well....eis a receita de mais um livro chato. De mais um dos milhares de sub-Ulysses. A saga do homem moderno. Mas, que sorte!, aqui há uma ressalva: Ian tem talento e sua escrita, fluida, sinuosa, simples sem ser fácil, salva o romance. Ele é lido com prazer. O médico, um homem racional, objetivo, científico, nunca parece caricato. Sem ser uma personagem "encantadora", muito menos um herói, nós o acompanhamos com interesse. E dentre seus charmes está o dom que ele tem de explicar tudo através da geografia do cérebro. Ele conhece o órgão, seus segredos, sua massa, desconhece muito, quase tudo, da vida. As coisas o surpreendem e sua saga é essa, descobrir que as consequências de seus atos são incompreensíveis.
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