Existem pessoas que marcam uma nação. Nação, não falo de país. A pessoa morre e sua morte marca o final de uma época para aquele povo. Ela se vai. É como se as coisas fossem sincrônicas. A morte do símbolo em carne levando com ele todo um espírito que habitava aquele ambiente.
Quando Mark Twain morre, em 1910, toda uma América se ia com ele. O país do futuro, ainda então ingênuo, inconsciente de sua violência, cheio de espaço e de ideias, morria e se tornava outra coisa. Essa morte, de Twain, de Tom Sawyer e de Huck, começa antes, começa por volta de 1890, e 1910 a cristaliza.
Assim como a morte de Heminguay, em 1963, é a morte do americano como macho arrogante, do país aventureiro, solto, desimpedido e mandão. Do país que nunca duvida de si-mesmo. Essa queda começa já em 1953, com a paranoia comunista, e a partir de 63 vai se transformando no país confuso, perdido, mentiroso, vago, do Vietnã.
Escrevo isso porque li Yeats falando do fim da Irlanda alegre e simples. Quando é enterrado seu líder, toda essa velha nação termina de cair com ele. O país irado, anti-inglês, irrompe de vez.
Penso que o Brasil começou a terminar, o país que ainda achamos ser, por volta de 1989. A crueldade da inflação, a queda das ilusões com a imprensa finalmente livre, a desilusão com a democracia, o aumento do tráfico de drogas e da competitividade capitalista, levou de roldão toda aquela brasilidade preguiçosa, suave, da fala mansa, da conversa de boteco, dos passeios ao fim de tarde. Foi o tempo, entre 89-95, que levou alguns desses símbolos. E em 1994, em dezembro, foi-se Tom Jobim, o símbolo do brasileiro fino, calmo, preguiçoso, suave, gentil. O símbolo virava pó. Ainda havia Caymmi. Mas Chacrinha, Grande Otelo, Drummond, Vinicius, Garrincha, Cartola, já se iam juntos ou não.
Não venha me falar que Chico ou Caetano, Jorge ou Paulo Coelho são símbolos daquele Brasil. Nunca. Esses já possuem a ironia, o distanciamento, a máscara do país de hoje, do país que nasceu nos anos 70-80, do Brasil miragem, apressado e sem eficiência, moderno e velho, o país que não acha lugar para estar. Desconfiado.
O moreno deitado à rede virou um moreno na fila do metrô.
Quando Mark Twain morre, em 1910, toda uma América se ia com ele. O país do futuro, ainda então ingênuo, inconsciente de sua violência, cheio de espaço e de ideias, morria e se tornava outra coisa. Essa morte, de Twain, de Tom Sawyer e de Huck, começa antes, começa por volta de 1890, e 1910 a cristaliza.
Assim como a morte de Heminguay, em 1963, é a morte do americano como macho arrogante, do país aventureiro, solto, desimpedido e mandão. Do país que nunca duvida de si-mesmo. Essa queda começa já em 1953, com a paranoia comunista, e a partir de 63 vai se transformando no país confuso, perdido, mentiroso, vago, do Vietnã.
Escrevo isso porque li Yeats falando do fim da Irlanda alegre e simples. Quando é enterrado seu líder, toda essa velha nação termina de cair com ele. O país irado, anti-inglês, irrompe de vez.
Penso que o Brasil começou a terminar, o país que ainda achamos ser, por volta de 1989. A crueldade da inflação, a queda das ilusões com a imprensa finalmente livre, a desilusão com a democracia, o aumento do tráfico de drogas e da competitividade capitalista, levou de roldão toda aquela brasilidade preguiçosa, suave, da fala mansa, da conversa de boteco, dos passeios ao fim de tarde. Foi o tempo, entre 89-95, que levou alguns desses símbolos. E em 1994, em dezembro, foi-se Tom Jobim, o símbolo do brasileiro fino, calmo, preguiçoso, suave, gentil. O símbolo virava pó. Ainda havia Caymmi. Mas Chacrinha, Grande Otelo, Drummond, Vinicius, Garrincha, Cartola, já se iam juntos ou não.
Não venha me falar que Chico ou Caetano, Jorge ou Paulo Coelho são símbolos daquele Brasil. Nunca. Esses já possuem a ironia, o distanciamento, a máscara do país de hoje, do país que nasceu nos anos 70-80, do Brasil miragem, apressado e sem eficiência, moderno e velho, o país que não acha lugar para estar. Desconfiado.
O moreno deitado à rede virou um moreno na fila do metrô.