A coisa tem nome: adestramento. Somos adestrados com uma linguagem, violentamente somos treinados a falar, mais e acima de tudo, passamos a aceitar a ideia de que o real só é possível se for um discurso. Adquirimos, compulsivamente a lingua e o pensamento vira discurso e o sentimento vira palavra e a intuição vira verbo. Fora da lingua nada mais existe. Se não fala é bicho, é morto, é pedra. Fora da palavra o vazio. E nessa linguagem vem a linha, a vida se torna compreensível apenas na linha, na forma da linha discursiva, começo, meio, fim. Linha. Mas hoje se começa a se perceber que não. Embora ainda seja cedo para ver, começamos a suspeitar que a lingua é apenas um modo, arbitrário de se poder conviver, pensar, fazer parte, mas que o universo fora da lingua Existe e é um outro. Fora da linha infinitas possibilidades. Converso com dois físicos e eles me dizem que a Física não aceita há muito o positivismo, ou seja, o conceito LINEAR de progresso, de tempo ou de certeza. O Universo é incerto e em nossa Pobre lingua. Inexiste uma forma linguística. Que Dele dê conta. Somos coisas que são porque falam e que pensam Como falam. Mas a coisa desanda. A lingua é uma ideologia que nos faz Ser aquilo para que a palavra é. Com a lingua eu posso falar Contra a própria lingua, mas continuo dentro dela e seguindo suas leis. Não seria a historia da modernidade uma luta contra a lei da lingua? Mas o modernismo perdeu, não havia como sair da linha sem se tornar incomunicável. Não conseguimos pensar duas coisas ao mesmo tempo porque a lingua não o permite. E nunca abarcaremos o infinito porque a lingua é impotente. Do nome vem um adjetivo e tudo se faz no verbo. É assim que podemos pensar, falar e ver: De um começo um fim e de uma ação a devida consequência. É pouco. O universo é mais que nossa. Pobre