LOLLA DE 2015, DOIS CARAS, DUAS REFERÊNCIAS.

   Não há nada de novo no som de Jack White...ou talvez pareça haver, porque em meio a uma multidão de bandas sem testículos ele exibe os seus o tempo todo. Mas tem mais, 95% das bandas bebe nos sons dos anos 80, Jack vai direto nos 60 e isso faz toda a diferença! Fica parecendo novidade, não é, mas por ir em raízes mais fortes ele respira mais. É vivo.
   Tem banda nova tomando doses de REM. Tem banda nova tomando doses de Jesus and Mary Chain. As duas bandas dos anos 80 são ótimas, mas não seria muito mais nutritivo beber a fonte pura onde o REM e o Mary Chain beberam? Essa a chave. Tem Foster tomando Duran Duran. Os DD em 1981 já pareciam fake, imagina copiar o que é fake....Eu cheguei a gostar do DD, em 1981, faz séculos, e eu sabia que eles eram fofos e inofensivos. Copiar? Melhor ir direto na fonte do DD. 
  E é isso que Jack White faz. Ele não pega riffs do John Mayer, do Slash ou do John Frusciante. Ele vai direto no John Lee Hooker, no Bo Diddley e em Jeff Beck. E quando faz folk ele se joga em Gram Parsons ou no Johnny Cash. Mistura tudo. O batera, maravilhoso, demole o kit como um brutamontes do free jazz. Os caras do fundo são tipos de Nashville, cool, elegantes, e sabem ir em várias estradas. Toques até de art rock, de gótico, de folclore celta e de muito country. E Jack junta mais informação: Angus Young, Jimmy Page, Ron Asheton, Mick Ronson, Lenny Kaye, Johnny Thunders. 
   Deve ter sido muito educativo para um teen de 14 anos ter visto este show. É uma manifestação de rock puro, sem bossas e sem frescuras, e ao mesmo tempo muito técnico, unindo habilidade com tosqueira, verdade com controle. O cara é um daqueles que permanecem décadas como referência.
   Como é referência aquele velho personagem de Tolkien, aquele hippie fiel que é hoje aquilo que ele sempre quis ser: Robert Plant, uma adorável figura que dignifica o legado da segunda maior banda do rock. O cara é mago. Jack é um seguidor. E eu adorei.