É mais que conhecido o momento em 1977. Brian Eno liga para Bowie e pede para ele ligar o rádio na estação X. Diz que nesse exato instante o futuro está tocando.
Foi uma premonição brilhante. I Feel Love de Donna Summer e Giorgio Moroder foi o single mais influente desde quando James Brown inventou o funk em 1967. Eu me lembro que nesse mesmo ano eu escutava Giorgio no rádio e tentava entender o que era aquilo. Eu pensava que From Here To Eternity tinha instrumentos normais. Mas algo naquela bateria soava diferente. E o baixo...era estranho. Demorou para que eu percebesse que era tudo programado. Tudo teclado. Mas eu adorei. E viajei desde o começo.
E recordo agora que Eno dizia que o pop e o rock eram pobres em harmonia e em melodia. Que nada poderia ser esperado de novo nesses campos, mas que ele era potencialmente inovador em timbre. Que a evolução sempre vinha na mudança de timbres. Desde o timbre da guitarra de Link Wray, passando pelo som metálico da guitarra de Jimi Page, o som frio do rock alemão, as gravações hiper trabalhadas dos Beatles e um belo etc.
Sempre fui bom, até os 30 anos, em adivinhar o futuro do rock. Lembro que em 1978 todos achavam, os caras que andavam comigo e boa parte do povo do meio, que o futuro seria um rock progressivo, bem tocado e bem gravado. Um tipo de Rush. Eu falava que o futuro era dançante. Que Heart Of Glass seria mais relevante que Supertramp.
Depois, em 1980, falavam que o futuro seria punk. Barulhento, simples, pesado. Eu chamava atenção para o funk. Prince. Em 1984 as guitarras estariam com as horas contadas. Só velhos ouviriam guitarras. O futuro era synth eletro. Eu ouvia REM, Lloyd Cole e Prefab Sprout. Guitarras.
Meu último acerto foi em 1986. Naquele ano era moda ouvir Smiths e Cure, sons tristes, ingleses, com guitarras. Eu descobria o rock do skate, Red Hot Chilli Peppers e The X.
Foi meu último acerto. No fim da década eu estava numa de RAP, mas o futuro era Seattle e Manchester. Depois, em 1996, eu acreditei no eletrônico.
Acreditei que toda aquela safra iria ser dominante. Que o futuro nos traria timbres novos, viagens doidas, o fim dos vocais, experimentação, desbunde. Errei. A música eletro morreu em tédio. E voltou ao gueto. O que surgiu foi uma geração de cantoras indistintas e de bandinhas que reciclam o pop de Kinks, The Jam e afins. Aff!
Há excessões! Mas este tempo será lembrado no futuro como o tempo de Katy Perry e de Lady Gaga.
Hoje reescutei o Daft Punk de 96 e escutei o de 2014. Giorgio Moroder e Chic sobrevivem no som deles todo o tempo. Era um futuro possível. Continuar do ponto em que Giorgio parou.
Um aluno meu, de 14 anos, escutava Who e Kinks desde os 12. Guitarrista, nele poderia haver um futuro. De Ray Davies ele poderia chegar a Iggy Pop, Eno, Rap e talves daí criar algo de seu. O que aconteceu? Ele descobriu Zappa e Yes. E hoje seu sonho é ser mais um virtuose da guitarra. Passa dias copiando linhas de Steve Howe e de Zappa. Mais um ano ele descobre John Mclaughlin e será o fim.
Acho que esse meu aluno revela muito.
Foi uma premonição brilhante. I Feel Love de Donna Summer e Giorgio Moroder foi o single mais influente desde quando James Brown inventou o funk em 1967. Eu me lembro que nesse mesmo ano eu escutava Giorgio no rádio e tentava entender o que era aquilo. Eu pensava que From Here To Eternity tinha instrumentos normais. Mas algo naquela bateria soava diferente. E o baixo...era estranho. Demorou para que eu percebesse que era tudo programado. Tudo teclado. Mas eu adorei. E viajei desde o começo.
E recordo agora que Eno dizia que o pop e o rock eram pobres em harmonia e em melodia. Que nada poderia ser esperado de novo nesses campos, mas que ele era potencialmente inovador em timbre. Que a evolução sempre vinha na mudança de timbres. Desde o timbre da guitarra de Link Wray, passando pelo som metálico da guitarra de Jimi Page, o som frio do rock alemão, as gravações hiper trabalhadas dos Beatles e um belo etc.
Sempre fui bom, até os 30 anos, em adivinhar o futuro do rock. Lembro que em 1978 todos achavam, os caras que andavam comigo e boa parte do povo do meio, que o futuro seria um rock progressivo, bem tocado e bem gravado. Um tipo de Rush. Eu falava que o futuro era dançante. Que Heart Of Glass seria mais relevante que Supertramp.
Depois, em 1980, falavam que o futuro seria punk. Barulhento, simples, pesado. Eu chamava atenção para o funk. Prince. Em 1984 as guitarras estariam com as horas contadas. Só velhos ouviriam guitarras. O futuro era synth eletro. Eu ouvia REM, Lloyd Cole e Prefab Sprout. Guitarras.
Meu último acerto foi em 1986. Naquele ano era moda ouvir Smiths e Cure, sons tristes, ingleses, com guitarras. Eu descobria o rock do skate, Red Hot Chilli Peppers e The X.
Foi meu último acerto. No fim da década eu estava numa de RAP, mas o futuro era Seattle e Manchester. Depois, em 1996, eu acreditei no eletrônico.
Acreditei que toda aquela safra iria ser dominante. Que o futuro nos traria timbres novos, viagens doidas, o fim dos vocais, experimentação, desbunde. Errei. A música eletro morreu em tédio. E voltou ao gueto. O que surgiu foi uma geração de cantoras indistintas e de bandinhas que reciclam o pop de Kinks, The Jam e afins. Aff!
Há excessões! Mas este tempo será lembrado no futuro como o tempo de Katy Perry e de Lady Gaga.
Hoje reescutei o Daft Punk de 96 e escutei o de 2014. Giorgio Moroder e Chic sobrevivem no som deles todo o tempo. Era um futuro possível. Continuar do ponto em que Giorgio parou.
Um aluno meu, de 14 anos, escutava Who e Kinks desde os 12. Guitarrista, nele poderia haver um futuro. De Ray Davies ele poderia chegar a Iggy Pop, Eno, Rap e talves daí criar algo de seu. O que aconteceu? Ele descobriu Zappa e Yes. E hoje seu sonho é ser mais um virtuose da guitarra. Passa dias copiando linhas de Steve Howe e de Zappa. Mais um ano ele descobre John Mclaughlin e será o fim.
Acho que esse meu aluno revela muito.