A BOA VIDA SEGUNDO ERNESTE HEMINGUAY- A.E. HOTCHNER

   Uma amiga querida me deu este livro. Se ela acha que eu tenho tudo à ver com o livro esse é um bom elogio. Ser comparado por uma mulher à Heminguay é sempre ser chamado de viril. E a virilidade, mesmo neste nosso tempo afeminado, é um elogio. ( Virilidade e machismo não são sinônimos ).
   O autor, Hotchner, privou da amizade Heminguay em seus últimos 15 anos de vida. Esteve com ela em Cuba, na África, na Europa. Observou o amor do escritor por Paris, pela pesca, pela caça e pela ação. Coligiu neste livro frases ditas por Hem. O livro, pequeno, é isso, uma coleção de frases ditas pelo autor de O SOL TAMBÉM SE LEVANTA.
   As frases são divididas em temas, o primeiro sendo A Escrita. É o melhor. Os conselhos de Heminguay, as opiniões sobre seu trabalho são todos ótimos, às vezes excelentes. Inspira ler esse trecho. Os demais nem tanto. Heminguay foi o mais influente escritor do século XX, nunca o melhor, ele mudou o modo de se escrever e de se apreciar um livro. Trouxe o jornalismo para dentro da ficção, e desse modo, sem querer, deu aval para um monte de jornalistas ruins se fingirem de escritor.
   Falando sobre seu trabalho ele mostra aquilo que realmente sabe. Falando sobre esportes, mulheres ou a guerra ficamos na dúvida, ele mente? Tem alguma relevância o que ele fala?
   Montes de fotos de Heminguay e de seus cenários e amigos. Todas maravilhosamente históricas. Algumas emocionam.
   Nunca vamos saber quem realmente foi Heminguay. O que era fato, o que era invenção. Pois seus amigos são os primeiros suspeitos. E nunca vamos saber se ele era realmente feliz. Ou um poço de medo e de frustração. Minha opinião é a de que ele era humano. Mentia e confessava, tinha bons e péssimos dias. Mas viveu a vida que desejou viver. Essa minha certeza, ele foi livre, fez e falou o que quis, esteve onde sua vontade o levava e nunca deixou de ser aquele que projetou construir.