REVISTA DA CULTURA

   A REVISTA DA CULTURA traz encartada com ela uma revista de Portugal, a IPSILON. O contraste entre o mundo das duas é gritante. A brasileira tem aquilo que nossa cultura escrita nos permite: pequenos textos que mais parecem coisa de RP. De bom é ficar sabendo que KANDINSKY está sendo exposto no Rio e estará em SP mais tarde. Um dos cinco gigantes do modernismo, é obrigatório e inspirador. Fora isso, gente indicando cultura, tudo vulgar, agito nas cidades, banal, e ainda Alceu Valença, irrelevante desde 1980, Supla e seu irmão, irrelevantes desde quando nasceram ( seu único mérito é o mesmo de Carlos X ou de Pedro III, ter nascido onde nasceu ). Mais Leonilson, Colin Firth, ele é ótimo, o texto é Caras, Karina Buhr, lamentável. Jessica Lange traz fotos ao MIS. Ela foi uma atriz lindíssima e ganhou dois Oscars. Mas as fotos me parecem comuns. Uma matéria sobre a mania de colecionar coisas antigas. A volta do vinyl. Tudo óbvio. Moleques de 18 anos colecionam o que nunca viram, e portanto desmentem a saudade, porque tentam preencher seu vazio com objetos que duram, já que agora nada pode durar. OK. Jo Nesbo é autor policial. Parece bom. O perfil é amorfo. A revista é bem colorida. Aff.
  IPSILON tem fotos legais e textos Looooooooongoooooooos......  Lembra nosso joranlismo cultural dos anos 80. Um peso insuportável de pretensão, nenhum humor. Os temas são relevantes, urgentes e tudo é dissecado. Mas funciona ainda? Aqui no BR não mais. Ninguém mais lê textos tão longos, só os estudantes. Mas é preciso esse foco de resistência. Houellebecq lançou um livro que fala de uma França dominada pelo Islã. Polêmico. A França continua sendo um país covarde. Martin Amis e mais polêmica. Um romance sobre o holocausto. A Europa e seus assuntos mais pulsantes. Eles chegam amortecidos aqui. Nós ainda nos preocupamos com Cuba. Dario Fo entrevistado. Lança livro sobre os Bórgia. Vasco Gato é um poeta jovem português. Parece ruim. Miguel Gomes fez Tabu. Agora fez um filme de seis horas. Por um ano filmou Portugal. Criando ficção dia a dia, ao improviso. João Salaviza ganhou Cannes ano passado. Em curta. Lança seu primeiro longa. Sobre três adolescentes. Volker Schlondorff fala sobre Fassbinder. A volta de Pasolini, ele é moda na Europa de hoje. E música: Panda Bear, Mathew White, Pond, José Gonzalez, Laura Marling, Bob Dylan, Dan Deacon, Bon Iver, James Blake e Giorgio Moroder. Sleaford Mods, a melhor banda do mundo. O cara tem 44 anos!!!! Foi fã do The Jam, do Public Enemy, foi um fodido toda a vida. Seu discurso é: o capitalismo é um inferno. Cinco páginas. Boas. Dá vontade de ouvir. Ele diz que hoje se faz música bonita com guitarras, mas que sempre parecem saudosistas, o que é insuportável. Por fim João Bonifácio, portuga jovem que mistura Nick Cave com Tom Waits. Nome do estilo: Corno Maduro. 
  Entre o estilo foricultura da publicação brasileira e o estilo irado-chato da lusitana, ambas são insatisfatórias, uma por superficialidade e a outra por chatice radical. De menos, demais.