TIM MAIA, OS DISCOS

   Tim Maia pra mim é uma rua de terra onde eu andava no meio de muita gente, lixo e música. Os rádios ligados e Gostava Tanto de Voce rolava. Tim e Jorge Ben, Simonal e RC, esses eram os ídolos do povo jovem. Eu era criança, meu negócio era Monkees. Well...Se a gente pensar que o povo jovem hoje vai numas de sertanejo ou axé, funk ou Michel Teló....acho que piorou um bocadinho.
 Quando criança eu não gostava do Tim. Achava ele favela. Eu nasci já esnobe. Fazer o que? Mamãe passou sugar ni mim...Só na adolescência, que coincidiu com a baixa de Tim, é que comecei a gostar do cara. Lembro de ver ele, na fase Racional, tocando batera na tv Cultura e me deixando tonto de suingue. Fosse americano Tim Maia seria grande como Stevie Wonder. Pior é que ele sabia disso desde cedo. Ninguém, repito, ninguém tem a voz de Tim. Ele chega ao nível Otis Redding. Matador no balanço, matador na dor de cotovelo. 
 Tenho escutado os dois primeiros cds no carro. Trânsito parado, calor. Boto os cds e começo a cantar. Intensamente. Tim tem isso. Ele é intenso e voce, no carro, sem medo do ridiculo, abre os braços e solta o vozeirão. Cantando Tim eu engrosso a voz. Me sinto gordão. De Mulato Power. Balanço tudo e tô nem aí. Nada é mais suingue que esses dois discos. Objetivos. Certeiros. 
 Tim Maia é um gênio.