ARTHUR CONAN DOYLE- A TERRA DA BRUMA, SHERLOCK ENCONTRA O ESPIRITISMO

   Hmmmm....sei não. Acho que não gostei deste livro, bonito, de capa dura, recém lançado pela Zahar. O autor de Sherlock Holmes, na parte final de sua vida, arregaçou as mangas e mergulhou no mundo dos espíritos. Esta narrativa, uma peregrinação pelos centros espíritas da Londres de 1920, nada mais é que a propaganda de uma fé. Claro que permanece a maestria de Doyle em criar clima, ambiente, mistério. Mas onde está o personagem interessante? Ninguém aqui nos cativa, como fazem Holmes e Watson.
  Já frequentei centros, e apesar de meu interesse religioso, algo neles sempre me desagradou. No espiritismo existe a mania do século XIX de tudo racionalizar. O mundo dos espíritos me parece ordenado demais, claro demais, corriqueiro, muito positivo. Creio em mistérios, mas o que me incomoda é que o espiritismo nada tem de misterioso. Dessa forma, Doyle passa o livro todo procurando nos convencer da verdade de suas experiências. Eu não sei.
  Arthur Conan Doyle foi médico, esteve em duas guerras e passou a viver de escrever com o imenso sucesso de Sherlock. Após os 50 anos, ele que sempre fora muito curioso, resolveu investigar a ""febre"""espírita que tomava Londres então. Se convenceu da veracidade. Interessante observar a perseguição policial que era feita contra os mediuns, todos acusados de charlatanismo, e a certeza que Doyle tem de que no futuro todos serão espíritas. 
  Para ele, o mundo das almas não é aceito porque a certeza em sua presença colocaria o mundo de ponta cabeça. Toda a vida produtiva, todo o esquema de poder, o modo como avaliamos a história, tudo seria posto abaixo. E os poderosos não podem aceitar a ideia de que somos todos iguais, todos alma eterna, todos com o mesmo dom e o mesmo futuro. Um mundo plenamente espírita seria um mundo de absoluta paz. A vida aqui seria como uma escola, um aprendizado, destituído de ambição material e de medo.
  Eu não sei.