A DANÇARINA DE IZU- KAWABATA, MESTRE DA BELEZA.

   Um estudante encontra na estrada uma troupe de dançarinos. O estudante se encanta por uma bela dançarina. Pequena, delicada, ela tem apenas 13 anos. O grupo caminha pelas montanhas. Banhos são tomados. Poucas palavras trocadas. E o estudante acaba partindo em barco, rumo à Tokyo. 
 Apenas 60 páginas, este é o primeiro sucesso do futuro Nobel de 1968. Kawabata escreve simples. Simples? Tudo é descrito com tanta precisão, objetivamente, que a primeira impressão é de pobreza literária. Estamos acostumados com a profusão de palavras do romance atual, ocidental. Kawabata, que gosto de chamar de mestre, usa poucas palavras. E, após as primeira linhas, milagre, entramos no mundo do mestre.
 Triste e belo, belo e triste, Kawabata tinha o objetivo de nos fazer retornar ao mundo da comunhão entre homem e natureza. Para ele, esse mundo fora perdido há muito. Sua escrita procura nos fazer recordar. A beleza do mundo. O mundo da beleza.
 Estranho eleito tem o mestre sobre mim. Ele libera minha alma. Faz com que ela voe. E abre meus olhos para as coisas reais da vida. Estranha mistura! Vejo melhor e ao mesmo tempo alço voo. 
 Certas linhas têm tanta beleza...Dizem que ele via o mundo com olhos de pintor. É verdade. Olhos de um mestre-pintor.
 Ler Kawabata é uma honra.