RITUAL DE LO HABITUAL- JANE`S ADDICTION

O povo dos anos 80 levou Bowie e Ferry ao limite do pastiche e tudo ficou tão cool que nada mais podia ser cool. O cool virou fake. Todo mundo em 1985 com cara de Bryan, terninhos de David e pensando no 1958 style. 
Mas em Venice, Califórnia, essa frescura nunca deu.  Os caras ignoraram toda essa bobagem e continuaram com Jay Adams ( Voces precisam ver o filme sobre os Z ). Tinha lá o The X. E um filme como Breathless, do Jim MacBride, mostrava que nem tudo estava perdido. E fermentou. De repente essa turma 1985/1987 tava no lixo. No lugar do keyboard era a vez de um baixo estilingado. E as ruas voltaram a zunir. E as cores retornaram. O povo saiu do quarto e foi pra rua e pra praia.
Ritual de Lo Habitual é um dos hinos desse tempo. Desse último renascimento antes do tudo grátis do download que tirou o valor de tudo. Perry e Dave apareceram como dois ogros em 87. Nothings Shocked que eu comprei em 89 avisava mas ninguém levou a sério. Com Ritual eles tomaram o cetro. E o que hoje é banal ( tattoos e piercings, dreads e ganja, latinidad e perigo ) foi colocado no centro da coisa. Adeus paletós Armani. Adeus topetes e sapatos. Agora era todo mundo pelado. 1990. Bom tempo para se ter 18 anos! Revistas, zines, clips, bermudas e esportes. Foi aí que a moda foi tomada pelos esportes 4 ever. Surf, skate, esqui, basquete, futebol.
O disco é um testemunho. É som de malocagem. De molequeiro. Guitarra hendrixiana e bateria marleyense. E a voz de tomado, de duende daimon de Perry. O Lolla viria a seguir. Perry mudou o rock pra melhor. Depois a deprê da bundice voltaria. Mas enquanto o bruxo perryano deu as cartas a coisa foi foda.
Ritual é bom pacas.