As crianças não têm tempo livre. Roubam delas os únicos anos em que elas podem simplesmente estar vivas. Ignorar tempo, horário, estação. Poder criar distrações dentro desse tempo que se estica. Vislumbrar horizontes que se abrem em cada esquina. Mas agora elas, as crianças, têm obrigações. Escola, inglês, esportes. Mas eu penso depois: Na verdade essa não é uma novidade. Na verdade esse é um retorno. Uma volta ao normal.
O mundo pós-segunda guerra é uma aberração e temo que tenha sido uma ilusão irrepetível. Uma Europa sem guerras é um luxo. Um Ocidente sonhando e quase conseguindo acabar com a fome é uma aberração. O mundo vivido entre 1945/1990 foi um caso a parte da história. Falo do mundo europeu e norte-americano. Houve aí um hiato de paz e riqueza sem par em toda a saga humana. E voltando ao assunto, nesse mundo as crianças se tornaram Crianças. Como os moleques viraram teens. O rock nasceu nesse hiato.
Crianças pobres sempre trabalharam. E as criança ricas eram desde cedo preparadas para exercer o poder. Tocavam piano, escreviam, cavalgavam, esgrimiam. As pobres se matavam em fábricas, nas ruas em pequenas tarefas ou simplesmente morriam. As crianças super atarefadas de 2014 voltam a ser aquilo que seus tataravôs foram.
Porque a criança que eu e toda a geração que hoje tem entre 30 e 70 anos foi é uma anomalia. Um breve instante em que a infância foi hiper-valorizada. Em que se deu tempo e espaço, se pode dar ócio e fantasia ilimitada para toda criança de classe média ou até de menos poder aquisitivo. Foi a época dos Anos Incríveis, dos gibis, dos Super Heróis, do rock, dos brinquedos que precisavam de espaço. Um tempo que foi preparado por Lewis Carroll, por Rousseau, por James Barrie e por Lobato. Uma época em que a criança foi mimada, deixada em paz, idolatrada e liberada.
Uma criança que tem todo o tempo ocupado, que se torna útil, não é uma novidade. É um retorno. É o fim de uma fantasia. É o nascimento de um mundo menos seguro, mais duro, mais severo, é a volta da vida real.
O mundo pós-segunda guerra é uma aberração e temo que tenha sido uma ilusão irrepetível. Uma Europa sem guerras é um luxo. Um Ocidente sonhando e quase conseguindo acabar com a fome é uma aberração. O mundo vivido entre 1945/1990 foi um caso a parte da história. Falo do mundo europeu e norte-americano. Houve aí um hiato de paz e riqueza sem par em toda a saga humana. E voltando ao assunto, nesse mundo as crianças se tornaram Crianças. Como os moleques viraram teens. O rock nasceu nesse hiato.
Crianças pobres sempre trabalharam. E as criança ricas eram desde cedo preparadas para exercer o poder. Tocavam piano, escreviam, cavalgavam, esgrimiam. As pobres se matavam em fábricas, nas ruas em pequenas tarefas ou simplesmente morriam. As crianças super atarefadas de 2014 voltam a ser aquilo que seus tataravôs foram.
Porque a criança que eu e toda a geração que hoje tem entre 30 e 70 anos foi é uma anomalia. Um breve instante em que a infância foi hiper-valorizada. Em que se deu tempo e espaço, se pode dar ócio e fantasia ilimitada para toda criança de classe média ou até de menos poder aquisitivo. Foi a época dos Anos Incríveis, dos gibis, dos Super Heróis, do rock, dos brinquedos que precisavam de espaço. Um tempo que foi preparado por Lewis Carroll, por Rousseau, por James Barrie e por Lobato. Uma época em que a criança foi mimada, deixada em paz, idolatrada e liberada.
Uma criança que tem todo o tempo ocupado, que se torna útil, não é uma novidade. É um retorno. É o fim de uma fantasia. É o nascimento de um mundo menos seguro, mais duro, mais severo, é a volta da vida real.