UM PUNHADO DE GITANES- SYLVIE SIMMONS, A VIDA DE SERGE GAINSBOURG

   Quando o li pela primeira vez, em julho de 2005, adorei. Recém saído de uma relação, sedento por sexo, por esquecimento, passei a considerar Serge um ídolo. Mas o tempo passou e eu mudei com o tempo.
   Começando a ler o livro, penso: -Um francês bêbado, chato, suicida....tudo o que mais odeio!
   Quase desisto. Mas o livro é ok e continuo. E acabo gostando. Um pouco.
   Ninguém em nove anos assiste tantos filmes, lê tanto, estuda letras, muda de emprego 3 vezes, conhece putinhas, rainhas, bobos e doidos, atletas e nobres empobrecidos sem mudar. Nesse nove anos tomei porres colossais, amei mulheres frias, tive casos sujos e platonismos inconvincentes. E mais que tudo, envelheci. Muito. E como consolo me tornei um pretenso anglófilo. Imaginar-se vitoriano consola a solidão. E Serge?
   Não me interessa mais sua vida. A bebida e as mulheres...Jane Birkin. E daí? Mas nessa leitura quero saber da obra, da música. A história das gravações é o que de melhor há no texto. Sua música é melhor que sua vida e não o oposto.
   Ele era um timido que usava a bebida para se soltar. O cigarro era companhia fiel. Seu maior medo era o de ser abandonado. Na verdade ele nunca foi. As mulheres o abandonavam mas continuavam em sua vida. Como amigas presentes e atenciosas. Penso que Serge não era sexy, ele acendia seu instinto de proteção, de mãe. Acho que ele nunca pensou isso.
   Cèst tout.