IMAGINAÇÃO

   O amor que sinto por minha mãe é inquestionável. E ela as vezes, triste ou doente, poderia ser ajudada por certas coisas que eu poderia fazer ou falar. Mas ela pensa que me conhece, e na imagem formada que ela tem de mim, um homem frio, distante, indiferente, se fecha a minha palavra. Não posso a ajudar porque ela não me escuta. Quando tento falar ela não me entende, não me ouve, não me quer por perto. 
  E espero então, só posso esperar que um dia ela olhe e me veja e entenda aquilo que posso lhe dar: Ajuda.
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  Ando lendo a bio de  Lewis. E ele fala de como entende o amor de Deus. 
  Acho que o entendo.
  Jamais terei a certeza.

  A vida pode ser o desejo de poder. A vida pode ser o instinto sexual. Mas eu penso que não. A vida é ansiedade. A ânsia por algo que conhecemos e não conseguimos ver. 
  Não somos como bichos. Mas podemos amar os bichos. Eles nunca nos ajudarão. E se podemos os ajudar, temos o dever de os ajudar.
  O homem pode ser cruel. A vida pode ser um inferno. Mas se conseguimos imaginar a bondade, se pudermos sentir saudades da paz, então temos o dever moral de crer na paz e na bondade. Se um dia criamos a moral, temos a missão de a afirmar.
  A vida não é feita de relativismos. Existe o mal, existe o bem. E fora do futil jogo de palavras sabemos o que seja bom e o que seja mal. Como sabemos o que é a paz, a beleza e a felicidade. Mesmo que estejamos exilados.
  
  Tenho me tornado um babaca religioso. Porque eu não sei. Mas ser babaca é hoje a maior das coragens. Não é cool ser babaca. E nem é fácil.
  
  Enquanto houver violência no mundo não haverá sono. 
  
  Aquilo que se imagina foi, é agora ou será um dia.
  Viver é imaginar a vida que se vive.
  O resto é morte.