A grandeza de um artista repousa naquilo que ele digere. Não um simples plágio, mas no dom de absorver influências e as reinterpretar. O grande artista pega o que já existe e faz disso algo maior. Leva ao público aquilo que apenas meia dúzia de devotos conheciam e amplifica a mensagem, o alcance. O grande artista é um solo adubado. Uma curiosidade que nunca se esgota. Ele quer conhecer mais e mais e mais. Caminha atrás da coisa rara e traz a pedra polida para nós e para voces. Quanto maior o dom, maior a quantidade de informação.
Siouxssie diz no livro laranja que Bowie é o único artista pop que exige toda uma enciclopédia para ser usufruido. Se voce não ler Nietzsche, Burroughs, Eliot, Freud, Jung, Wilde, Lacan, McLuhan, Artaud e Borges não vai entender nada.
Brian Eno só será entendido por quem tiver escutado Satie, Steve Reich e John Cale. Ele cria beleza na repetição e faz da repetição complexidade. Na verdade é pueril falar de um só disco de Eno. Sua obra se divide em épocas, em momentos que abrangem vários discos. Este disco, de 1974, é de longe seu album mais pop. Aqui ele trabalha sobre a canção e faz músicas quase normais. A não ser pelo timbre, pelo pequeno ruído que se intromete, pela harmonia que não evolui. Antecipa toda a New Wave, antecipa tudo dali pra frente. Enterra o pop dos Beatles e da Motown. Nada de blues, de country, de rockabilly ou de soul. Hoje esta coleção de canções vai lhe parecer muito normal, isso porque desde 1980 esse tipo de pop, aqui antecipado, é dominante ( ou foi, até a intrusão da forma dance atual ).
Junto falo de um disco que Eno fez quase ao mesmo tempo e que é sua verdadeira aposta. A repetição que se revela mantra, a monotonia que esconde surpresas sutis.
Os videos estão postados. O acaso fará de voce um ouvinte.
Ou não.
Siouxssie diz no livro laranja que Bowie é o único artista pop que exige toda uma enciclopédia para ser usufruido. Se voce não ler Nietzsche, Burroughs, Eliot, Freud, Jung, Wilde, Lacan, McLuhan, Artaud e Borges não vai entender nada.
Brian Eno só será entendido por quem tiver escutado Satie, Steve Reich e John Cale. Ele cria beleza na repetição e faz da repetição complexidade. Na verdade é pueril falar de um só disco de Eno. Sua obra se divide em épocas, em momentos que abrangem vários discos. Este disco, de 1974, é de longe seu album mais pop. Aqui ele trabalha sobre a canção e faz músicas quase normais. A não ser pelo timbre, pelo pequeno ruído que se intromete, pela harmonia que não evolui. Antecipa toda a New Wave, antecipa tudo dali pra frente. Enterra o pop dos Beatles e da Motown. Nada de blues, de country, de rockabilly ou de soul. Hoje esta coleção de canções vai lhe parecer muito normal, isso porque desde 1980 esse tipo de pop, aqui antecipado, é dominante ( ou foi, até a intrusão da forma dance atual ).
Junto falo de um disco que Eno fez quase ao mesmo tempo e que é sua verdadeira aposta. A repetição que se revela mantra, a monotonia que esconde surpresas sutis.
Os videos estão postados. O acaso fará de voce um ouvinte.
Ou não.