Ando lendo a Bio de Pete Townshend. É a menos rock`n`roll de todas, muitas, que li. O oposto de Keith Richards, pois ao contrário de Keith, Pete viu tudo com clareza, e viu de fora, viu muito. E em oposto a Rod Stewart, Pete não tem humor, não ama verdadeiramente os blues e sua atração por mulheres equivale a paixão por roupas e por moda. Pete chega a falar que desejou ir para a cama com Mick Jagger. ( well.... quem em 1967 não quis? ).
O centro da vida de Pete é a arte, mas a Arte. Enquanto todos pensam em sex. drugs e rocknroll, ele pensa em neurose, jazz e pintura. Quando ele fala de música, Pete fala de técnicas de gravação, novos amplificadores, novos tapes. Sua abordagem é científica. Ele inventava coisas, feedback, volume, fitas, loops. E era parte do Who, uma banda que ele sentia como performance e não como música. O Who era um campo de provocação, um ato de arte desafiadora. Não ato de amor, ato de arte. De certo modo eles fazem aquilo que o Velvet fazia em NY e que Bowie faria mais tarde, Rock usado para um fim, rock feito de fora e não de dentro. Uma linguagem aprendida e não a coisa tipo "rock é minha vida".
Ele cresceu em meio a pais artistas. O pai era músico de jazz, a mãe cantora. Boa situação material, desleixo em carinho. Os pais brigam e ele é dado aos 6 anos a uma avó. Promiscua e doida. Sádica. Ela dava para todo caminhoneiro de Londres. O menino via. Tímido, ele volta após dois anos para os pais. Que continuam a trair um ao outro. Entra numa escola de arte, estuda pintura, adora Charlie Parker, Ella e Billie. Aos 15 anos conheceu o movimento mod. Jovens estilosos, vaidosos, com ternos, gravatas, lambretas, sapatos italianos, écharpes de seda. Esses caras ouvem R and B: Sam Cooke, Marvin Gaye, Pickett. Pete toca guitarra, mas sua paixão é o design moderno, arte performática, as provocações de galeria. Perto de Pete, Keith, Lennon ou Eric são analfabetos. Mick não. Pete é fã dos Stones. Os Stones têm visual, androginia, são provocativos e sexys. Mas sua banda favorita são os Kinks. Pete considera Ray Davies um igual. Perversos, estilosos, afeminados, agressivos. Novo modo de ser: delicados desafiadores.
Pete entra para o Who convidado por Roger Daltrey. Ele não conhecia ninguém da banda. Eles precisavam de um guitarrista e ele conseguiu o lugar. Simples assim. Nada de amizades de infância. Os 4 mal se conhecem. Roger é briguento e anda com marginais. Tende a resolver tudo na briga. Quer uma banda de rock. Pete é delicado e complicado. Quer fazer arte. John Entwistle bebe muito e faz piadas. Muda o modo como se toca baixo no mundo do rock. E há Keith Moon, que é louco. Ele é o foco de tensão na banda. Fã de surf music, Keith só quer festejar. E beber. Falta ensaios, leva soco na cara de Roger ( que mal o suporta ), ameaça sempre sair da banda, um chato escroto....só que adorável na bateria. O melhor, o mais original, descontrolado e o maior carisma do grupo.
Eles se tornam mito entre o público undergound da Inglaterra. E logo estouram com seu primeiro single, I Cant Explain. A vida de Pete muda ao ser procurado por um bando de desajustados que lhe diz que "ele fala aquilo que eles não conseguem falar". Pete Townshend será o porta voz dos desajustados.
E chega a era da psicodelia. Townshend toma ácido, mas não perde o poder de observar. Descreve a coisa melhor que qualquer outro. Sua apreciação de Pet Sounds e de Sgt Peppers é ferina: São grandes discos, mas sem nenhum legado. Nada comentam sobre o mundo real, nada falam de relevante socialmente, e não apontam nenhum futuro. São belos, porém estéreis.
Estou lendo essa época. 1967. Página 100. Lançando Sell Out, o disco com anúncios. Pete cheio de grana, com namorada, andando pela noite com Clapton, vendo Hendrix no palco, escutando música erudita e jazz, pensando em pintura. Roupas. Cenários. Design. Infeliz.
Um livro fascinante.
O centro da vida de Pete é a arte, mas a Arte. Enquanto todos pensam em sex. drugs e rocknroll, ele pensa em neurose, jazz e pintura. Quando ele fala de música, Pete fala de técnicas de gravação, novos amplificadores, novos tapes. Sua abordagem é científica. Ele inventava coisas, feedback, volume, fitas, loops. E era parte do Who, uma banda que ele sentia como performance e não como música. O Who era um campo de provocação, um ato de arte desafiadora. Não ato de amor, ato de arte. De certo modo eles fazem aquilo que o Velvet fazia em NY e que Bowie faria mais tarde, Rock usado para um fim, rock feito de fora e não de dentro. Uma linguagem aprendida e não a coisa tipo "rock é minha vida".
Ele cresceu em meio a pais artistas. O pai era músico de jazz, a mãe cantora. Boa situação material, desleixo em carinho. Os pais brigam e ele é dado aos 6 anos a uma avó. Promiscua e doida. Sádica. Ela dava para todo caminhoneiro de Londres. O menino via. Tímido, ele volta após dois anos para os pais. Que continuam a trair um ao outro. Entra numa escola de arte, estuda pintura, adora Charlie Parker, Ella e Billie. Aos 15 anos conheceu o movimento mod. Jovens estilosos, vaidosos, com ternos, gravatas, lambretas, sapatos italianos, écharpes de seda. Esses caras ouvem R and B: Sam Cooke, Marvin Gaye, Pickett. Pete toca guitarra, mas sua paixão é o design moderno, arte performática, as provocações de galeria. Perto de Pete, Keith, Lennon ou Eric são analfabetos. Mick não. Pete é fã dos Stones. Os Stones têm visual, androginia, são provocativos e sexys. Mas sua banda favorita são os Kinks. Pete considera Ray Davies um igual. Perversos, estilosos, afeminados, agressivos. Novo modo de ser: delicados desafiadores.
Pete entra para o Who convidado por Roger Daltrey. Ele não conhecia ninguém da banda. Eles precisavam de um guitarrista e ele conseguiu o lugar. Simples assim. Nada de amizades de infância. Os 4 mal se conhecem. Roger é briguento e anda com marginais. Tende a resolver tudo na briga. Quer uma banda de rock. Pete é delicado e complicado. Quer fazer arte. John Entwistle bebe muito e faz piadas. Muda o modo como se toca baixo no mundo do rock. E há Keith Moon, que é louco. Ele é o foco de tensão na banda. Fã de surf music, Keith só quer festejar. E beber. Falta ensaios, leva soco na cara de Roger ( que mal o suporta ), ameaça sempre sair da banda, um chato escroto....só que adorável na bateria. O melhor, o mais original, descontrolado e o maior carisma do grupo.
Eles se tornam mito entre o público undergound da Inglaterra. E logo estouram com seu primeiro single, I Cant Explain. A vida de Pete muda ao ser procurado por um bando de desajustados que lhe diz que "ele fala aquilo que eles não conseguem falar". Pete Townshend será o porta voz dos desajustados.
E chega a era da psicodelia. Townshend toma ácido, mas não perde o poder de observar. Descreve a coisa melhor que qualquer outro. Sua apreciação de Pet Sounds e de Sgt Peppers é ferina: São grandes discos, mas sem nenhum legado. Nada comentam sobre o mundo real, nada falam de relevante socialmente, e não apontam nenhum futuro. São belos, porém estéreis.
Estou lendo essa época. 1967. Página 100. Lançando Sell Out, o disco com anúncios. Pete cheio de grana, com namorada, andando pela noite com Clapton, vendo Hendrix no palco, escutando música erudita e jazz, pensando em pintura. Roupas. Cenários. Design. Infeliz.
Um livro fascinante.