PETE TOWNSHEND, A AUTOBIOGRAFIA

   Pete é um solitário. Mesmo casado por 24 anos, filhos, banda, fãs, ele sempre foi um homem só, e muito consciente disso. Na verdade ele sempre amou a solidão. Individualista, egocêntrico, mas nunca vaidoso, Pete é um complicado. Em 50 anos de banda ele nunca conseguiu se sentir um dos caras. Em 50 anos de rock, nunca se sentiu como um cara do rock. Sempre fora, um casado que tinha casos e se sentia culpado, um pai distante, rei dos palcos que logo se cansou de tocar. Insatisfeito. sempre.
 Termino o livro e falo aqui da segunda parte ( a primeira está abaixo ). O auge foi em 69/71, depois disso, a lenta decadência. Lendo notamos que The Who sempre foi palco, os discos eram secundários. Ou não? Pete é um workaholic. Composições para teatro, filmes, solo, banda, produtor. Em 1970 ele começa a lidar com música eletrônica. Um projeto, Lifehouse, imenso, ambicioso, que acaba por dar em nada. Faz palestras sobre o novo som ( é visto por Eno, que sente na palestra qual seu futuro como um não-músico ). Pete trabalha pela música do futuro, música programada, aleatória, ou livre. Quadrophenia surge como um novo Tommy. Ele fala das várias versões de Tommy, do sucesso de Tommy nos palcos. Os anos 70. A loucura exagerada, as brigas com Keith Moon. A morte do baterista louco, Pete não disfarça, a morte de Moon foi um alivio. 
  Os anos 80. Pete se liga em Clash, Jam, Specials. Mas acontece com ele o que amaldiçoou toda a época: cocaína, bebida, ego. Albuns solo, excursões em o Who. Roger Daltrey surge no livro como um herói. Pete sem querer lhe dá um perfil muito admirável. O cara íntegro, apaixonado pela banda, lutando para a manter forte. Um grande cantor, um conquistador, um cara legal.
  Pete se torna editor da Faber, a mítica editora de TS Eliot. Convive com Pinter, Ted Hughes, Byatt. O livro se fecha em sua vida fora do rock. Livros, familia, Broadway. E neste século, enfim, a volta do Who. E a acusação de pedofilia.
  Pete Townshend seguiu Meher Baba, fez terapia, casou, foi pai, escreveu algumas das melhores músicas do século XX. Fã de Kinks e Stones. Livre. Um homem que se diz feliz, finalmente feliz.